Vereadores do litoral de SP pretendem concorrer eleições à Câmara Federal e Assembleia Legislativa

Somente em Santos, sete dos 21 eleitos em 2020 pretendem entrar na corrida eleitoral

Por: Sandro Thadeu  -  14/02/22  -  11:57
Atualizado em 14/02/22 - 15:33
Um terço dos vereadores de Santos pretende participar das eleições de 2022
Um terço dos vereadores de Santos pretende participar das eleições de 2022   Foto: Divulgação

Um terço dos vereadores de Santos pretende participar das eleições deste ano. Dos 21, sete estudam a possibilidade de dar voos mais altos na carreira política.


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Dois deles se apresentam como pré-candidatos a deputado federal: Telma de Souza e Chico Nogueira (ambos do PT).


Outros cinco almejam a Assembleia Legislativa: Audrey Kleys (PP), Débora Camilo (PSOL), Fabrício Cardoso (Pode), Lincoln Reis (PL) e Sérgio Santana (PL).


Ex-deputada estadual e ex-prefeita, Telma já esteve por três mandatos em Brasília, de 1995 a 2007. Ela pretende defender temas relacionados às mulheres no Congresso e ajudar na reconstrução do País, acreditando no fim do Governo Bolsonaro.


“Precisamos modificar as políticas públicas e fazer com que elas efetivamente existam e sejam cumpridas, devido ao crescimento do desemprego e do empobrecimento da população”, afirma.


Chico diz que recebeu o convite para se candidatar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto.


“Quero defender minha região e o desenvolvimento econômico sustentável. Também pretendo lutar para trazer indústrias para dar valor agregado às cargas que transitam pelo Porto de Santos”, cita.


Responsável pelo PT na Cidade, o petista planeja qualificar as discussões sobre o setor portuário no Congresso e fortalecer a bancada ligada aos trabalhadores. O vereador comanda o Sindicato dos Empregados Terrestres em Transportes Aquaviários e Operadores Portuários do Estado (Settaport).


Assembleia Legislativa

Audrey explica que é pré-candidata a deputada estadual para que seu trabalho legislativo se estenda à Baixada e ao Vale do Ribeira.


“Como vice-presidente da Uvebs (União dos Vereadores da Baixada Santista) e do Parlamento Regional, estou realizando ações nesses municípios, principalmente com as questões relacionadas à saúde e educação. Quero ter a chance de fazer ainda mais por todos”, destaca.


Débora está no primeiro mandato como vereadora e também deverá tentar uma vaga na Assembleia, como fez em 2014. Ela declarou que a militância do partido está engajada e animada para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL), também elegendo candidatos e com “representações que estejam conectadas com a luta do povo trabalhador”.


A atuação de Fabrício Cardoso na Câmara chamou a atenção de sua legenda, que cogita lançá-lo à Assembleia. Ele admitiu a possibilidade, mas ainda está ouvindo seus eleitores. “Eu ainda estou analisando todos os cenários e quem serão os possíveis concorrentes. Espero definir essa situação nos próximos dias”.


Lincoln Reis conversa com o PL sobre a possibilidade de concorrer a deputado estadual e entende que a presença de um político ligado à região dos morros na Assembleia será muito importante para pressionar as autoridades a encontrar soluções para problemas históricos.


“Quero muito poder ajudar a nossa população. Temos diversas reivindicações e problemas que a afetam, como a falta de água e o aluguel de chão, que precisa chegar ao fim”, desabafa.


O aluguel de chão é a ocupação consentida pelo proprietário do terreno de uma determinada gleba, na qual o locatário recebe a autorização para construir a sua moradia.


Outro integrante do PL que tentará chegar ao Parlamento paulista é Sérgio Santana, que está no terceiro mandato como vereador.


“Estou motivado a encarar esse desafio por ser o vice-presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo, por ter o presidente da República mais honesto dos últimos tempos em nosso partido e por querer representar a segurança pública na Assembleia Legislativa”, observa.


Quatro cidades tem pré-candidatos

Seis vereadores de outras quatro cidades da Baixada Santista também pretendem concorrer. Em Guarujá, Fernando Martins dos Santos, o Peitola (MDB), e Toninho Salgado (PSD) querem disputar uma vaga na Assembleia Legislativa. Raphael Vitiello (PSD) deseja a Câmara.


Peitola entende que “faltam maior pulso e comprometimento por parte dos deputados”. “Um representante da nossa cidade poderia contribuir para o crescimento do município através das cobranças ao Governo do Estado”.


Salgado tem pensamento semelhante. Está no terceiro mandato como vereador e lembra que, desde março de 2011, quando Haifa Madi deixou de ser deputada, Guarujá não tem representante na Assembleia.


“Se eleito, acredito que posso ajudar não só Guarujá, mas toda a região”, destaca ele, que foi à sede do PSD, na quinta-feira, para tratar da pré-candidatura.


Vitiello explica que Guarujá tem ficado para trás em relação a outras cidades na “interlocução dos governos Federal e do Estado com a Baixada Santista e, especificamente, com a nossa cidade”.


O Pode convidou o vereador de Itanhaém Henrique Garzon a concorrer a deputado estadual. Ele acredita que precisa de 40 mil votos para se eleger e analisa a questão.


Matheus Rodrigues (PSD), de Bertioga, também pensa em se tornar deputado estadual. “Muitos amigos estão me incentivando desde a eleição de 2018, mas achava que tinha que esperar minha reeleição (a vereador) para consolidar meu trabalho. Vejo que a população também quer gente nova”, destaca.


Em São Vicente, Eduardo Oliveira (União Brasil) está motivado a buscar uma vaga em São Paulo. “A região precisa de um representante experiente e que tenha uma visão de futuro. Além disso, a população já demonstrou a vontade de mudança. Vamos praticar a boa política”, justifica.


Disputa no meio do mandato

É correto o vereador, que foi eleito para um mandato de quatro anos, querer disputar um novo pleito no meio do período? Para a cientista política Juliana Fratini, não há resposta certa para a questão.


“É possível que um vereador, que já foi reeleito ou que ainda está nos primeiros dois anos de atividade, tenha tido um desempenho muito positivo em defender determinadas pautas. Isso pode credenciá-lo a buscar voos mais altos. É legítimo que ele vá atrás desse novo cargo para reforçar o trabalho que vem desenvolvendo na sua cidade e até para conseguir mais recursos para o município ou para a região”, explica.


Porém, Juliana entende que não há sentido em um parlamentar local sem protagonismo nem projetos relevantes para a comunidade disputar uma eleição para deputado. “Seria uma medida oportunista”.


A cientista política vê positivamente a possibilidade de vereadoras concorrerem à Assembleia ou à Câmara. “Acredito que as mulheres precisam batalhar por mais recursos e mais visibilidade na tentativa de chegar a postos mais altos”.


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