Variante Delta da Covid-19 faz litoral de São Paulo passar a ter 10 tipos diferentes do vírus

Variante originada na Índia já é responsável por três casos do coronavírus em Santos

Por: Daniel Gois  -  04/08/21  -  10:11
Atualizado em 04/08/21 - 10:12
 Infectologistas pedem que a população mantenha os protocolos sanitários
Infectologistas pedem que a população mantenha os protocolos sanitários   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

A chegada da variante Delta da Covid-19 em Santos, no litoral de São Paulo, fez com que a Baixada Santista tenha dez cepas do vírus circulando na região. A mutação Gama (P.1), originada em Manaus, segue predominante, mas a confirmação de três casos da Delta na cidade aumenta a preocupação dos especialistas.


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Os dados são do Boletim Epidemiológico da Rede de Alerta das Variantes do Sars-Cov-2, do Instituto Butantan, em São Paulo. Os números foram obtidos a partir de dados genéticos sequenciados até o dia 18 de julho.


Na Baixada Santista, a variante P.1 segue predominante, aparecendo em 88,73% dos casos. Os demais 11,27% são divididos entre nove cepas. Parte delas foram originadas no Reino Unido (B.1.1.7), África do Sul (B.1.351), Peru (C.37), Amazonas (P.1.2) e Rio de Janeiro (P.1.2 e P.2).


Em junho, o litoral paulista contava com sete variantes da Covid-19. O novo boletim do Butantan apontou também as presenças das variantes P.4, originada no interior de São Paulo, e B.1, além da própria Delta (B.1.617.2).


"A gente vê esse cenário com extrema preocupação", alerta a infectologista Elisabeth Dotti. "Todas essas variantes têm formas de multiplicar, se desenvolver e se esconder. A gente tem o avanço da vacinação, mas por enquanto, na média global, temos 20% de vacinados do país. Isso é muito baixo. A gente consegue uma proteção efetiva com 75%, 80% de vacinados", afirma.


Em meio a discussão sobre a retomada de eventos e o retorno às aulas presenciais, o infectologista Ricardo Hayden teme que a população não siga as medidas de enfrentamento, como o uso obrigatório de máscara e o distanciamento social.


"A gente vê com muita preocupação essa abertura mais geral. A gente tem que continuar alertando, estar com o botão do alarme na ponta do dedo. Mesmo com restrições, as pessoas estão burlando, se aglomerando em festas, em lugares não autorizados. Se autorizarem então, a coisa vai multiplicar", alerta.


Variante Delta


Considerada uma das cepas da Covid-19 mais perigosas do mundo, a Delta foi identificada em dois tripulantes de um navio atracado no Porto de Santos, além de uma funcionária de um hotel. Os casos seguem em monitoramento.


Para Elisabeth Dotti, é preciso ter uma atenção especial com a Delta, devido a grande semelhança dos sintomas com uma gripe comum.


"O grande perigo dessa mutação, além de ela ser muito mais transmissível, é que ela parece, de verdade, uma gripe. Nariz escorrendo, dor de cabeça, febre. Ela não dá sinal específico, como falta de ar. Nosso medo é que as pessoas negligenciem os sintomas e achem que está tudo certo", explica.


A esperança de Ricardo Hayden é que, diferentemente de outros países, a cepa indiana não se torne predominante, no Brasil, em relação à variante Gama. Em razão de seu alto potencial de transmissão, o cenário é considerado incerto.


"Em outros países, a cepa Delta tomou conta. A gente espera que, aqui no Brasil, isso não ocorra. Para isso, é preciso continuar com todas as precauções, começando pela vacina. Ninguém consegue afirmar, ainda, se essa predominância vai acontecer", explica o infectologista.


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