Variante de Manaus pode ser responsável pelo boom de casos da covid-19 na Baixada Santista

Apontamento é baseado em percepção de médicos infectologistas, com base no padrão de casos da mutação P1, que atinge mais jovens e tem letalidade maior

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  27/03/21  -  13:34
As praias e parques permanecem fechados neste fim de semana
As praias e parques permanecem fechados neste fim de semana   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Os casos de covid-19 na Baixada Santista continuam em alta, como nas demais regiões do Estado. Apesar dos protocolos, a 2ª onda da doença atinge de forma mais agressiva a todos, pessoas e sistema de saúde, este último à beira do colapso, com mais de 92% dos leitos de UTI ocupados. A percepção de médicos é de que a presença da variante P1 (de Manaus) do vírus se alastrou por São Paulo.


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Em 18 de março, em uma coletiva realizada por médicos e gestores de unidades de saúde públicas e privadas, o secretário de Saúde de Santos, Adriano Catapreta, disse que a prevalência de tal mutação na Baixada Santista era de 70%. Em um áudio de whatsapp, o titular da pasta informa ainda que 23% dos casos seriam da variante P2, do Rio de Janeiro.


“Hoje, a gente foi ao Instituto Butantan e fiquei mais assustado ainda, porque ela falou para nós: Olha, a variante de vocês principal 70% é P1, 23% é P2. A virulência é alta, a letalidade é alta, estão acometendo mais jovens entre 30 e 55 anos (...) se não fizerem nada, o pico será em 20 de abril, só vai subir até lá”, disse Catapreta em áudio antes do lockdown.


A Tribuna procurou o secretário para falar sobre tal percentual, mas não obteve sucesso. A Secretaria de Saúde do Estado afirmou que o Instituto Adolfo Lutz (IAL), responsável por analisar as amostras de pacientes com suspeita de exposição a variantes, registrou 56 indivíduos com a mutação P1 no Estado, até 23 de março. Destes, um era da Região, de Peruíbe.


A Secretaria de Saúde do Estado reforça, em nota, que a confirmação de variantes ocorre por meio de sequenciamentos genéticos realizados por laboratórios como o IAL. Diz que cabe às equipes de Vigilância Epidemiológica dos municípios. “Até o momento, não há comprovações científicas sobre os impactos destas variantes e pesquisadores em todo o mundo estudam o comportamento da pandemia e as mutações do vírus (SARS-CoV-2)”.


Percepção


O médico infectologista Marcos Caseiro informou também ter ouvido do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, tal percentual de 70% prevalência da variante P1 na Baixada Santista, isso ocorreu em videoconferência nesta semana, na última segunda-feira (22).


Caseiro ressalta que mesmo sem ter dados oficiais sobre a presença dessas mutações na Região, ele não entende que apenas o período de maior flexibilização do Plano.SP (quando estivemos nas fases verde e amarela) tenha sido fator preponderante na alta de casos.“Alguma coisa diferente aconteceu. Tem que se justificar com alguma cepa com capacidade de transmissibilidade maior”, apontou.


O também médico infectologista Roberto Focaccia diz não saber se o IAL tem condições de fazer um estudo desse porte - que indique a presença das variantes com tais precisões percentuais -, e compartilha a percepção de Caseiro.


“Provavelmente, penso eu, estão considerando a gravidade e disseminação rápida dos casos semelhantes ao de Manaus. Está sendo um padrão. O que aconteceu em Manaus se repete aqui, com aumento da disseminação; muita gente jovem, inclusive sem comorbidade está indo a óbito. Aqueles que se recuperam demoram muito mais tempo para melhorar. Além da gravidade da doença, muitos chegam com uma forma já grave”.


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