Vamos falar sobre eles?
Dados, entrevistas, depoimentos e artigos que descortinam um universo do qual só se fala nas páginas de Polícia
![Trabalho joga luz nas vulnerabilidades sociais que envolvem os adolescentes internados](http://atribuna.inf.br/storage/Cidades/Geral/img2956621511310.webp)
Este caderno é um convite à reflexão, quatro anos depois da primeira edição, em setembro de 2017. Fizemos novamente o caminho de volta, tentando radiografar a trajetória percorrida pelos adolescentes antes de serem internados nas unidades da Fundação Casa da Baixada Santista. Quem são eles? Que idade têm? Com quem vivem? Estavam estudando? Sabiam ler e escrever? Têm irmãos? Na família tem outras pessoas em conflito com a lei? Por que estão ali? O que vão fazer quando saírem?
Não, não é sobre ‘passar a mão’ na cabeça e ‘coitadizar’ quem matou, roubou, traficou ou furtou. É sobre entender como chegaram até aqui, se havia cenário de vida familiar e social próprio para uma criança ou adolescente, se os demais capítulos do ECA foram assegurados e, enfim, saber o que mudou nas políticas públicas de 2017 para cá.
Neste trabalho, o Instituto de Pesquisas
Tão surpreendente quanto ouvi-los dizer com certa naturalidade que roubam e traficam para ‘comprar coisas’ é constatar que quatro em cada dez estavam fora da escola, que quase a metade deles jamais leu um livro, que 67% têm exemplos na família de pessoas envolvidas com o crime.
Não, definitivamente, não é sobre ‘passar a mão na cabeça’. Este trabalho se propõe a apontar, em números, depoimentos e entrevistas, onde estão as vulnerabilidades sociais. Cada setor da sociedade tem sua parte na tarefa de corrigi-las. Não falar sobre elas é apenas fingir que não existem.