Vacinação em queda vira tema de estudo de pesquisadores da Baixada Santista

Além dos dados, a pesquisa também possibilitou a criação de um portal, o Observatório das Vacinas, que trará a análise de 5.570 municípios

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  05/10/20  -  23:11
Em Santos, segundo a Prefeitura, 609 crianças receberam doses e atualizaram carteira de vacinação
Em Santos, segundo a Prefeitura, 609 crianças receberam doses e atualizaram carteira de vacinação   Foto: Irandy Ribas/ AT

Por que, em um momento que se espera uma vacina contra a Covid-19, pais acabam deixando de imunizar seus filhos, fazendo com que a cobertura vacinal venha caindo nos últimos anos no Brasil? Existem características locais ou regionais que influenciam uma maior ou menor adesão à vacinação? 


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Essas são as questões que um grupo de pesquisadores da Baixada Santista devem responder em breve, com o estudo Análise espacial da cobertura vacinal de crianças e sua relação com características socioeconômicas e de saúde no Brasil, cujos primeiros dados serão apresentados nesta semana, durante o I Simpósio de Imunização, que acontece nos dias 7 e 8 pela internet.


Além dos dados, a pesquisa também possibilitou a criação de um portal, o Observatório das Vacinas, que trará a análise de 5.570 municípios e será o maior banco de dados sobre vacinação no País. O site, aberto a todos, pretende ser uma ferramenta para gestores da área da saúde.


Detalhes


Na primeira fase, que analisou os dados dos municípios, os pesquisadores identificaram onde as coberturas eram mais defasadas e onde eram mais elevadas. “Muitas cidades estão abaixo do que é esperado, da meta preconizada pelo Ministério da Saúde. Percebemos que isso acontece em áreas de maior vulnerabilidade, principalmente em municípios do Norte e Nordeste”, explica uma das coordenadoras, a professora Carolina Barbieri.


Causas


Um dos motivos da queda no número de vacinação que se tem conhecimento até hoje é contraditório. “O sucesso das campanhas de vacinação fez com que as pessoas não tivessem conhecimento das doenças e sentissem uma certa segurança, parando de se imunizar. As pessoas acham que as doenças estão erradicadas, mas a única é a varíola”, diz outra coordenadora do estudo, a professora Lourdes Conceição Martins.


A disseminação de fakenews sobre as vacinas, o preenchimento correto de dados no sistema federal e algumas restrições ao público, como os horários de funcionamento dos postos de saúde ou o desabastecimento de alguns medicamentos também podem ser os motivos que levam a essa queda. Mas é a segunda fase da pesquisa, que começa no dia 13, que vai levar os pesquisadores às causas do problema, com foco na população da Baixada Santista.


O grupo vai a campo nos nove municípios da região conferir as cadernetas de vacinação de crianças nascidas em 2018 e perguntar a pais as razões para não terem vacinado os filhos. O resultado deve ser conhecido no próximo ano.


Participe


Para acompanhar o I Simpósio de Vacinação, transmitido gratuitamente pela plataforma Zoom, os interessados devem se inscrever pelo site. No evento, serão apresentados detalhes da pesquisa desenvolvida pelo grupo da UniSantos e haverá o lançamento do portal Observatório das Vacinas.


Apoio


O estudo que resultou no portal tem apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates e é coordenado por professores da Universidade Católica de Santos (Unisantos) e conta com o apoio da Universidade Estadual da Paraíba (UEB), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde e do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo (CVE).


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