Vacinação contra várias doenças está desatualizada na Baixada Santista

Em 2020, cobertura contra doenças como poliomielite, sarampo, caxumba, rubéola e febre amarela ficou abaixo dos 50%

Por: Sandro Thadeu  -  30/09/21  -  11:19
 Cobertura vacinal está em queda, o que motiva Estado a promover campanha de imunização
Cobertura vacinal está em queda, o que motiva Estado a promover campanha de imunização   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O índice de cobertura vacinal da população na Baixada Santista vem caindo desde 2018, segundo dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). Naquele ano, 71,10% do público-alvo foi protegido.


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Em 2019, esse índice baixou para 62,27%. No ano seguinte, nova queda: 60,22%. Dados parciais deste ano, até agosto, apontam que essa marca é de 57,79%.


Esse banco de dados, mantido pelo Ministério da Saúde e verificado nesta quarta-feira (29) por A Tribuna, aponta que esse fenômeno não é isolado; isso ocorreu em São Paulo e no Brasil, em escala semelhante, durante o mesmo período.


No ano passado, a cobertura vacinal contra doenças como poliomielite, sarampo, caxumba, rubéola, difteria, tétano, coqueluche e febre amarela ficou abaixo dos 50% na região.


Diante desse quadro, a Secretaria de Estado da Saúde anunciou que fará, de amanhã até 29 de outubro, uma campanha de multivacinação para crianças e adolescentes de até 15 anos.


Organização
As prefeituras da Baixada Santista também farão parte da iniciativa e já estão se preparando para que os pais e responsáveis levem esses menores até a unidade de saúde mais próxima para serem imunizados contra doenças preveníveis e suas possíveis complicações.


Em 16 de outubro, o terceiro sábado da campanha, das 8 às 17 horas, será realizado o chamado Dia V. Os profissionais estarão atendendo em postos fixos e volantes.


É recomendável aos pais e responsáveis que perderam a caderneta de vacinação das crianças e adolescentes o comparecimento no mesmo posto de saúde onde elas foram imunizadas anteriormente.


Dessa forma, pode ser possível analisar a ficha de registro arquivada na unidade para verificar quais doses já foram aplicadas.


Proteção
O diretor da Vigilância Epidemiológica de Praia Grande, Rafael Leite, explicou que todas as vacinas de rotina estão disponíveis nas 30 unidades de Saúde da Família (Usafas) durante todo o ano.


“Essa campanha é uma oportunidade de checar se falta alguma vacina para determinada criança/adolescente ou se necessita de reforço”, disse.


Nas demais cidades da região, a imunização também ocorrerá nas Usafas e unidades Básicas de Saúde (UBSs, que em Santos são chamadas de policlínicas) de amanhã até o dia 29 do próximo mês.


A Prefeitura de Bertioga admitiu que, das 19 vacinas oferecidas para esse público, 17 delas têm baixa adesão na Cidade, com exceção das doses contra influenza e da tríplice bacteriana acelular (DPaT, contra difteria, tétano e coqueluche).


São Vicente citou que a BCG, que protege contra a tuberculose e deve ser tomada a partir do nascimento, teve uma cobertura de apenas 45,22%, em 2020, e de 24,17% até agosto deste ano.


Pandemia
O infectologista pediátrico do Grupo Prontobaby e professor da Universidade Federal Fluminense (FF), André Ricardo Araújo da Silva, considera positiva a campanha de multivacinação voltada a crianças e adolescentes. “Tivemos essa queda de cobertura vacinal, apesar do programa de imunização do Brasil ter uma qualidade reconhecida internacionalmente. Com a pandemia de covid-19, devido às limitações de circulação de pessoas e à dificuldade de acesso a alguns postos de saúde, as famílias demoraram para levar as crianças para se vacinar”, explicou.


O docente relembrou que, no início da pandemia, o Rio de Janeiro estava se preparando para uma explosão de casos de sarampo. Essa doença é evitada com a vacina, mas muitos deixaram de receber proteção com o passar dos anos.


O especialista citou que novos casos surgiram com mais frequência, devido ao grande fluxo migratório de refugiados venezuelanos à Região Norte. “Em 2016, tínhamos recebido o selo da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) de controle do sarampo, mas perdemos esse status.”


Só Vacinando
O médico patologista clínico e gestor do Grupo Sabin, Alex Galoro, destacou que a maioria das doenças virais não tem tratamento específico, e a grande arma são os imunizantes. “Com o passar dos séculos e dos anos, as vacinas são desenvolvidas para serem cada vez mais eficazes e seguras. A gente não fazer uso dessa ferramenta, por qualquer motivo, é um equívoco. Elas podem evitar doenças que podem causar sofrimentos e sequelas”, ressaltou.


Galoro entende que a queda da cobertura vacinal foi provocada, principalmente, pela falta de divulgação de campanhas por parte do Poder Público para lembrar os pais e responsáveis sobre as imunizações durante a pandemia de covid-19. “Em um grau menor, essa campanha antivacina-ção, que é vista em vários lugares do mundo e em alguns países de forma mais forte, também repercute negativamente para que as pessoas busquem essa proteção”, justificou.


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