Transporte intermunicipal da Baixada Santista acumula problemas e aumenta dor de cabeça

Ônibus cheios, linhas insuficientes e demora nos pontos são algumas situações apontadas pelos usuários

Por: Maurício Martins  -  10/05/21  -  06:46
Atualizado em 10/05/21 - 17:51
       Linhas insuficientes e demora nos pontos são algumas situações apontadas pelos usuários
Linhas insuficientes e demora nos pontos são algumas situações apontadas pelos usuários   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

As longas e demoradas viagens, com ônibus lotados, fazem parte da vida da cabeleireira Edineide da Conceição de Souza, de 47 anos. Moradora do Parque das Américas, em Praia Grande, ela sempre dependeu do transporte intermunicipal para trabalhar em Santos. Usa muito as linhas 931 e 927 e diz que a situação piorou na pandemia.


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“A única regra é entrar com máscara nos ônibus. Enquanto em todo lugar pedem distanciamento, diminuíram ônibus, reduziram horários, continuam cheios e não se vê higienização. E para ter uma ideia de como é complicado, um dia eu precisaria chegar 14 horas na Ponta da Praia, em Santos, peguei o ônibus às 11h45 e só consegui chegar lá 14h35”, explica.


Linhas insuficientes e demora nos pontos são algumas situações apontadas pelos usuários. A diarista Maria Cecília da Silva, de 43 anos, moradora do Jóquei Clube, em São Vicente, sabe bem disso. Ela também reclama do gasto, já que precisa pagar duas vezes para chegar no trabalho em Santos.


“Antes o 105 entrava no terminal do Valongo e eu pegava o ônibus de Santos (sem pgar outra tarifa) para o Canal 1, descia na porta do serviço. Agora está complicado, em vez de melhorar, piorou. Ou pago duas conduções, ou pego uma que para bem longe e vou andando”, explica.


As situações relatadas não são pontuais, mas comuns o dia a dia dos usuários do sistema, sob responsabilidade da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), do Governo do Estado.


“O serviço de transporte intermunicipal hoje na região é considerado deficitário, no que diz a respeito ao atendimento à demanda que existe. E também não garante uma qualidade comum nas nove cidades. Ou seja, não há padrão na frota e no serviço oferecido”, afirma o professor universitário e especialista em mobilidade urbana Rafael Pedrosa.


O especialista também diz que a relação custo-benefício é ruim. “Os ajustes das tarifas foram sendo realizados por questões econômicas, até certo ponto compreensíveis, mas o nível do serviço não acompanhou a elevação dos valores. Os usuários se sentem prejudicados”, diz ele.


A EMTU afirma que faz um trabalho para melhoria constante do sistema.


Diálogo constante


Presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), o prefeito de Santos, Rogério Santos (PSDB), garante que o diálogo entre os municípios da região e a EMTU é constante, com objetivo de “contínuo aprimoramento do serviço prestado à população”.


“Também ocorre durante o período de combate à pandemia, visando a adequação das linhas intermunicipais do Litoral Sul - são 62, de Peruíbe até Bertioga - às diretrizes do Plano SP, do Governo do Estado”, diz Rogério.


Prefeituras


Praia Grande entende que, dentro das condições atuais de pandemia, o atendimento da EMTU tem suprido a demanda na Cidade, “mesmo diante de casos pontuais incompatíveis com uma boa prestação de serviço público. Não houve interrupção no atendimento com o aplicativo Quanto Tempo Falta os usuários conseguem planejar melhor suas idas e voltas para os destinos desejados”


Guarujá acredita que as linhas intermunicipais atendem de maneira satisfatória, sem muitas reclamações. “Mas é fato que a frota precisa ser renovada para uma melhor qualidade no atendimento”.


São Vicente diz que a EMTU avalia, constantemente, a necessidade da população, de modo a atender as demandas da região. E que com a pandemia “ficaram mais evidentes os problemas na área de transporte público em toda a Baixada Santista”.


Bertioga classifica o transporte intermunicipal como satisfatório. “Porém, o que diz respeito à mobilidade urbana, a Baixada Santista pode apresentar melhorias, como a redução no tempo de espera, pontualidade e o conforto dos passageiros”.


Mongaguá afirma que há algumas reclamações sobre os horários do transporte intermunicipal e que “o principal questionamento dos munícipes é em relação ao excesso de velocidade entre os bairros Agenor de Campos e Flórida Mirim”.


Santos ressalta que o transporte intermunicipal tem sido aprimorado por meio da incorporação de novos modais como o VLT e que o aprimoramento do serviço deve ser constante.


As prefeituras de Cubatão, Itanhaém e Peruíbe não manifestaram opinião sobre o transporte intermunicipal na região.


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