Tomar duas doses da vacina contra a covid-19 não protege totalmente, avisam infectologistas

Segundo médicos, as pessoas devem seguir com máscaras, distanciamento social e higienizando as mãos

Por: Nathália de Alcantara  -  08/07/21  -  11:43
  Foto: Alexsander Ferraz/AT

Tomar as duas doses da vacina contra a covid-19 não quer dizer estar totalmente imune ao vírus. A apresentadora Ana Maria Braga, por exemplo, foi diagnosticada com coronavírus, apesar de ter se vacinado. Segundo infectologistas ouvidos por A Tribuna, o que acontece é que os sintomas tendem a ser mais leves e os riscos de internação e mortes são reduzidos, mas a pessoa segue transmitindo o vírus.


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O infectologista Ricardo Hayden diz que a vacina não impede a transmissão do vírus. "Poucas vacinas têm esse poder de matar o vírus na sua entrada no organismo, como a Pfizer e Moderna. Com esses imunizantes, o vírus não consegue invadir o paciente".


Ele explica que a vacina de fato protege, seja ela qual for, mas as novas variantes são um perigo constante, já que passam por cima da defesa do corpo. "A variante indiana é 93% mais transmissível. Não tem a ver com ser um tipo mais grave, mas a proporção de gravidade aumenta por conta de mais gente ficar doente com essa cepa".


Na prática, é como se a vacina fosse o goleiro de um time de futebol, posicionado bem embaixo da trave para impedir gols. Ele vai defender diversos chutes, que são o vírus tentando marcar o gol ao acertar o paciente. Mas ele não vai conseguir defender todas as bolas e uma hora alguma entrará no gol.


"Por isso, temos de usar outros tipos de defesa, como a máscara, shield por cima da máscara, manter a distância de 2,5 metros de outras pessoas e higienizar sempre as mãos. Não podemos contar apenas com a vacina, mas com todos os elementos de proteção", defende Ricardo.


Respeito


Segundo o também infectologista Eduardo Santos, as pessoas precisam respeitar mais o momento e parar de aglomerar.


"Tenho enfrentado muitos problemas por falar isso. Muitos ainda acham que estamos errados e não entendem a gravidade da situação. A ponto de nos atacarem após entrevistas ou nas redes sociais. A situação ainda é muito ruim e precisamos cuidar de nós e do outro".


Ele explica que, com as novas cepas, precisa-se de muito menos tempo para se contaminar com a covid-19. Em média, de 12 a 15 minutos é o tempo para se contaminar em local não ventilado, com pessoas sem máscara ou com máscara ruim, e sem distanciamento.


"Recebemo muitas ligações de conhecidos que pegaram a doença do filho que saiu, que esteve numa festa, enfim. Estamos nessa situação há um ano e meio e as pessoas não mudaram a mentalidade, o comportamento".


O infectologista Jacyr Pasternak ressalta que as vacinas são de fato bastante eficientes e todos devem se imunizar o quanto antes, seja com a Oxford\ AstraZeneca, Janssen, CoronaVac ou Pfizer.


“Muitas pessoas têm escolhido o imunizante, mas o mais importante é estar imunizado e não ficar esperando para tomar o tipo A ou B. Quanto mais vacinarmos e mais cedo, mais estaremos próximos da nossa vida normal. Devemos proteger a nós mesmos, mas também o próximo”.


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