Taxa de letalidade por coronavírus na Baixada Santista é muito alta e preocupa especialistas
Segundo infectologistas ouvidos por ATribuna.com.br, é necessário fazer uma reflexão e produzir políticas públicas consistentes
O infectologista Evaldo Stanislau, que atua no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, acredita que a Baixada Santista mais acertou do que errou na luta contra a covid-19. Mas alguns pontos ainda incomodam.
"Do final do ano para cá, houve afrouxamento indevido das medidas de controle e foram feitas concessões ao comércio. Entendemos a necessidade econômica e o drama, mas do ponto de vista da doença nada disso ajudou. Ao mesmo tempo, abriram-se leitos e fizeram muitos testes para a doença".
O infectologista Eduardo Santos critica a falta de políticas públicas consistentes para as pessoas aguentarem essa situação em casa.
"Houve muito medo no começo, mas ele logo passou e as pessoas começaram a se arriscar. Também podemos lembrar de muitos péssimos exemplos que tivemos inclusive do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)".
A letalidade ainda é um fator que chama a atenção de Stanislau. A taxa está muito alta e é necessário fazer uma reflexão, diz ele.
“ Não é só pela população idosa, mas por termos doenças crônicas que devem ser melhor cuidadas daqui para a frente. Também sigo preocupado com a qualidade da nossa assistência em saúde. Não basta abrir leito e ter hospital, é preciso gente bem treinada e qualificada para essas situações".
Quem concorda com ele é o infectologista Alberto de Abreu, que avalia a situação atual na região como dentro do padrão estadual.
“Na comparação com o Norte, por exemplo, nós saímos na frente. Mas, ao levarmos em conta o cenário ideal, que só acontece em outros países, com o fechamento total de atividades não essenciais e a imunização em massa, estamos muito atrás. Chega a ser vergonhoso demais”.