Sindicato contabiliza 220 demissões em agências bancárias da Baixada Santista na pandemia

Agências falam sobre transformação digital na região

Por: Júnior Batista  -  12/12/21  -  15:08
Atualizado em 12/12/21 - 15:10
Antiga agência no Centro de Santos: Sindicato dos Bancários diz que dez unidades foram fechadas desde 2020 e que 193 operam hoje na região
Antiga agência no Centro de Santos: Sindicato dos Bancários diz que dez unidades foram fechadas desde 2020 e que 193 operam hoje na região   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Menos administrativo e com mais serviços. Esse é o futuro do atendimento nos principais bancos do País – Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander –, que concentram 80% dos correntistas, segundo especialistas do setor. Digitalização e concorrência das fintechs, as startups financeiras, explicam a redução do mercado de trabalho dos bancários.


Segundo o Sindicato dos Bancários de Santos e Região, 220 trabalhadores da categoria foram demitidos desde o começo da pandemia. Hoje, há 2.972 na ativa.


“Praticamente todos os serviços daqui para frente serão on-line. Como já está acontecendo hoje”, afirma o economista e CEO da Eu Me Banco, plataforma de educação em investimentos financeiros, Fábio Andrades Louzada.


A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) diz que as instituições tradicionais adaptam suas estruturas à nova realidade do mercado, cujo uso da tecnologia avança em detrimento do atendimento físico.


A entidade alega que os bancos estão se tornando cada vez mais modelos de negócios em vez de uma estrutura que realiza atividades transacionais.


De acordo com a Febraban, em 2020, das 103,5 bilhões de transações realizadas no setor, 67% foram feitas por meio da internet, demonstrando o elevado grau de digitalização disseminada entre os usuários e “levando as agências bancárias a um momento de readequação e redefinição do seu papel”.


Mas essa é uma realidade em que os bancos tradicionais ainda estão atrasados, segundo Louzada, que afirma que as agências estão aquém dos meios digitais, provenientes das fintechs. As estruturas mais modernas se encontram em ambientes mais habituados ao uso da internet de ponta a ponta, desde a abertura da conta até as aplicações.


Para a presidente do Sindicato dos Bancários, Eneida Cury, o enxugamento de pessoal e diminuição da rede de agências acarreta em aumento do volume de serviço da categoria, gerando filas.


Segundo o sindicato, ao menos dez agências foram fechadas na região desde o começo do ano passado, sendo nove do Bradesco e uma do Santander, - 9,4% em relação às 193 agências que operam na região (há ainda 42 postos de atendimento).


Interior

Esse movimento é mais sentido nas capitais do que no Interior, segundo Louzada. “Quando olhamos para as grandes cidades, esses clientes estão mais acostumados com os serviços digitais. No Interior, o cliente é mais carente da presença física”.


Na Baixada Santista, com grande concentração de idosos, esse movimento pode ser mais devagar, segundo ele. No entanto, diz, é apenas uma questão de tempo.


Conforme a Febraban, pesquisas internas já captam esse crescimento dos canais digitais não só na Baixada, mas em todas as regiões do País. Hoje, praticamente todas as operações bancárias podem ser feitas de forma eletrônica, o que gera comodidade, de acordo com a entidade. Serviços como transferências, pagamentos, contratações de crédito, consulta de saldo, investimentos e renegociação de dívidas estão disponíveis na palma do mão, pelo celular.


“Esse é o resultado de muitos anos de investimentos consistentes de mais de R$ 25 bilhões a cada ano em tecnologia bancária, oferecendo aos clientes o que existe de mais moderno no mundo”, diz a entidade.


Tendência

“Quando olhamos para as grandes cidades, esses clientesestão mais acostumados com os serviços digitais. No Interior, o cliente é mais carente da presença física” -Fábio Andrades Louzada, economista e CEO daplataforma Eu Me Banco


O Santander negou as demissões informadas pelo Sindicato dos Bancários e, em nota, afirmou que tem feito investimentos na rede das agências da Baixada Santista, além do Litoral Norte, com ampliação e revitalização dos espaços físicos. O banco confirma a fusão de duas agências com o fim das atividades da unidade na esquina da Avenida São Francisco com a Rua Brás Cubas, no Centro de Santos – nesta, o banco diz que os funcionários foram apenas realocados.


“No banco, a aceleração da transformação digital trouxe avanços na forma de prestação de serviços. Esse processo ocorre há muitos anos e não é possível estabelecer uma correlação com o fechamento de agências”, comenta a assessoria de imprensa do Santander.


“Nos últimos cinco anos, por exemplo, o Santander ampliou a presença geográfica e sua rede de atendimento. Somente em 2021, foram inauguradas 120 agências no País, em municípios onde o banco não estava presente”, diz em nota.


Já o Banco do Brasil disse que mantém presença em todos os municípios da região e que a distribuição de agências é constantemente avaliada por sua equipe.


Procurado por A Tribuna, o Bradesco disse que não comentará o assunto. O Itaú Unibanco não respondeu o pedido de informações.


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