Setor hoteleiro da Baixada Santista está otimista com o avanço da vacinação contra covid-19

Próxima temporada começa no final do ano e é esperado um aquecimento do turismo interno

Por: Rosana Rife  -  27/06/21  -  06:35
  Na Baixada Santista há 217 hotéis e 26.453 leitos; hoteleiros esperam conseguir trabalhar com liberação da ocupação total na temporada
Na Baixada Santista há 217 hotéis e 26.453 leitos; hoteleiros esperam conseguir trabalhar com liberação da ocupação total na temporada   Foto: Matheus Tagé

“Vai faltar hotel na temporada”. A previsão é do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo (ABIH-SP), Ricardo Roman Júnior, que espera por um boom nas viagens de lazer a partir do final do ano. O avanço da vacinação contra a covid-19 e a perspectiva de aquecimento do turismo interno são a aposta para o setor de hotelaria da Baixada Santista começar a recuperar o fôlego. Na região, há 217 hotéis e 26.453 leitos e a expectativa é de se trabalhar com liberação da ocupação total.


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“Se tudo correr na normalidade e todo mundo for vacinado como o esperado, vai faltar hotel”, diz Roman Júnior. “As pessoas já viajavam sem vacina. Imagina, agora, vacinados, a expectativa é muito boa”, completa.


O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista (SinHoRes), Heitor Gonzalez também espera que o cenário, com ocupação em alta, se concretize para o setor.


“O problema é que estamos vivendo as dívidas do ontem, as incertezas do hoje e esperamos que a gente chegue vivo para curtir esse mar azul previsto para o final do ano”, diz.


Os hotéis se adaptaram à pandemia. Implantaram protocolos sanitários rigorosos e entenderam que os hóspedes precisam se sentir seguros em todos os ambientes como quartos, áreas comuns, restaurante, entre outros, para se animarem a sair de casa. “Estamos prontos e de portas abertas pra receber todos os turistas”.


Dificuldades


Acostumado a trabalhar 365 dias no ano, 24 horas por dia, o ramo de hotelaria, considerado um dos braços mais importantes do setor de turismo, foi duramente afetado pela pandemia. Alguns hotéis chegaram a ficar fechados em 2020 por falta de demanda ou devido a medidas restritivas. O resultado: de cada dez hotéis na região, oito têm dívidas, explica Gonzalez.


“Na Baixada, os grandes hoteis estão abrindo somente de sexta a domingo. Não é para ter lucro é para minimizar os prejuízos, que são tão grandes que a gente não consegue contabilizar”.


O setor também teve de reduzir o quadro de colaboradores. O administrador do hotel e pousada Iracemar, em Guarujá, José de Ávila, conta que tem trabalhado com apenas um funcionário para manter as portas abertas. Na alta temporada, são, pelo menos, oito.


“Tivemos a MP (Medida Provisória) que permitiu a suspensão do contrato de trabalho e isso ajudou bastante. Senão, a gente não teria conseguido sobreviver”.


Este mês, segundo ele, a taxa de ocupação no hotel não chegou a 5%. “Com avanço da vacinação, a partir de setembro devemos começar a engatar os números para a alta temporada. Porém, não teremos o mesmo patamar de 2019, devemos chegar a uns 60% disso”.


Ele diz que devem ser necessários, ao menos, uns três anos para recuperar tudo o deixou de faturar desde o início da pandemia. “Nosso IPTU continua sendo cobrado. Por ser hotel, pagamos água com valor dobrado e sobretaxa na energia elétrica. A única ajuda que tivemos foi a MP do Governo Federal”.


Sequelas


Sem incentivos para a aplacar as contas no vermelho, o setor estima levar cerca de três anos para se livrar das perdas. “Os bancos não deram dinheiro para os hotéis, eles emprestaram. Temos impostos atrasados. Então, nossos negócios ficaram fechados, mas as contas não pararam de chegar. Daí, você tem um fluxo de caixa todo comprometido”, relembra Roman Júnior.


Mais lento


Já a hotelaria de eventos e corporativo é um segmento que deve voltar bem aos poucos, avalia o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo (ABIH-SP).


“Existe essa demanda. Mas o corporativo será o último a voltar ao normal, se voltar. Porque, com esse novo jeito que aprendemos a trabalhar e a fazer eventos híbridos, ainda há uma incógnita de como vai retornar de fato”.


Para o setor, há lições a serem tiradas de toda a dificuldade enfrentada nos últimos 15 meses. Uma delas foi aprender a trabalhar com um custo menor. A outro foi perceber o surgimento de um novo público, que é o executivo que está atuando em home office e não precisa mais que viajar a trabalho.


“Ele pode morar em uma cidade por uma semana ou duas. Pode estender o final de semana e trabalhar on-line. Esse público já existe, tem demanda para isso e a maioria dos hotéis já se adaptou a essa realidade”.


Recuperação


Ricardo Roman Júnior, Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo (ABIH-SP) - “A hotelaria passou por uma crise no governo Dilma, em 2015. Houve uma queda muito drástica na ocupação e na diária média. Demoramos quatro anos para voltar aos mesmos números de 2015. Agora, com covid-19, são duas crises em uma: a sanitária e a econômica. Então, estimamos mais três anos para voltar aos números de 2019, em ocupação e diárias”.


Heitor Gonzalez, Presidente do SinHoRes - “O brasileiro não pode viajar por seus destinos favoritos no exterior, por mais que a vacinação corra bem. Então o mercado interno promete ser forte e, com isso, no litoral também devemos ter esse reflexo. Isso nos faz ter uma previsão de, a partir de setembro, haver um crescimento na procura pela região e um pico muito grande em janeiro”.


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