Serviço on-line abre rede de trabalho para maiores de 50
Objetivo é permitir conexão entre pessoas maduras e experientes que buscam ocupação
Todos os dias, bons profissionais são banidos do mercado de trabalho por causa da idade e, de uma hora para outra, pessoas ativas perdem espaço. Há frustração, dificuldades financeiras e forte impacto psicológico e à saúde. Também perde o mercado, que deixa para trás profissionais com experiência e sabedoria.
Apesar disso, “trabalho existe, e nossa proposta é mostrar que há muitas oportunidades para quem deseja continuar a vida profissional”, afirma Morris Litvak, de 36 anos. Ele é fundador e CEO da MaturiJobs, uma plataforma que reúne oportunidades de trabalho, desenvolvimento pessoal, capacitação profissional, empreendedorismo e networking (rede de contatos), para conectar pessoas maduras e experientes em busca de atividade e ocupação entre si e com empresas.
Há 758 empresas, 86.430 profissionais e 41.302 candidaturas cadastradas. O site tem 54 mil acessos mensais. A ideia surgiu quando a avó de Morris, Keyla, levou um tombo e parou de trabalhar, aos 82 anos. “Pegava metro e ônibus. Quando parou de trabalhar, vieram o Alzheimer e outros problemas. Ela faleceu em 2013”.
Morris começou a estudar o envelhecimento da população brasileira e começou a conhecer muita gente com 50, 60 anos, que estava perdendo o emprego e não conseguia mais se recolocar, tanto pela crise quanto pela idade. Nisso, fundou a plataforma em 2015, com funcionamento nacional e representantes em sete cidades.
A escolha do termo maturi foi um jeito de sair do idoso, que muitos detestam. E quando fala de maturi, inclui pessoas com mais de 40 anos. “Mas nosso foco é 50 e mais, quando você fica quase invisível ao mercado de trabalho”.
Preconceito
Há muito preconceito contra os mais velhos no mundo corporativo. Porém, Morris diz ver pequenas mudanças. “Fazemos palestras em empresas, onde falamos sobre a vantagem das experiências intergeracionais, sobre as vantagens que os mais velhos trazem para a empresa e sobre a importância estratégica”.
O público do MaturiJobs está na faixa dos 50 e 60 anos e, como a plataforma e a comunicação são on-line, é preciso que as pessoas estejam conectadas para participar. Nos encontros presenciais, a proposta é conectar pessoas, incentivar parcerias de negócios ou amizade. “Essa geração foi educada para ter um emprego, mas hoje em dia a maior parte do trabalho não é convencional, há mais oportunidades para ser freelancer, consultor. É preciso estar aberto para outras propostas”, considera ele.
E Morris? Ele afirma não ter medo de envelhecer. “Eu sei que, daqui a dez, 20 anos, eu posso estar fazendo uma coisa completamente diferente. É preciso estar aberto não para vários trabalhos, mas para várias profissões”.
