Segundo semestre é visto com otimismo por comércios e hotéis da Baixada Santista

Com processo de retomada consolidado, setores projetam mais avanços com eventos e Copa do Mundo

Por: Anderson Firmino  -  26/06/22  -  06:28
Após um primeiro semestre considerado bom pelos comerciantes, perspectiva é ainda melhor para o resto do ano
Após um primeiro semestre considerado bom pelos comerciantes, perspectiva é ainda melhor para o resto do ano   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Depois de dois anos de mar revolto, por conta da pandemia, os segmentos do comércio, hotéis, bares e restaurantes navegam em águas mais tranquilas. Após um primeiro semestre considerado bom, as perspectivas para os próximos seis meses não são diferentes. Há razões para acreditar nisso, e uma delas está no Catar: a Copa do Mundo que, este ano, será entre novembro e dezembro.


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Seja na união para torcer pelo Brasil em bares, ou mesmo na aquisição de um televisor novo para acompanhar o Mundial, a busca da Seleção pelo hexa deverá fazer bem às contas dos estabelecimentos.


“Ter jogos do Brasil no meio da semana (na primeira fase) é algo muito bom, porque o brasileiro adora futebol. Imagina um jogo da Argentina num sábado, ou da Alemanha, por exemplo. Para o aficionado por futebol, tudo vira festa. Então, são vários dias que serão muito bons para os bares”, prevê Heitor Gonzalez, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista e Vale do Ribeira (SinHoRes). “Será quase uma pré-temporada de verão”.


O comércio também aposta no ambiente em torno da competição como uma alavanca para vendas já em novembro. “A expectativa para o segundo semestre é melhor ainda porque a gente tem a Copa do Mundo, que vai ser um aquecimento do Natal, e aí junta com o Black Friday (última sexta-feira do mês)”, prevê Omar Abdul Assaf, presidente do Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista (Sincomércio).


Sem feriados, aposta em eventos

O presidente do SinHoRes lembra que o segundo semestre tem poucos feriados prolongados - a maioria cai em quartas-feiras, com exceção do dia 15 de novembro.


Mesmo assim, existe a torcida por finais de semana com tempo bom, a exemplo do que ocorreu nos últimos meses, e a aposta em eventos.


“Infelizmente, não está na nossa mão fazer muita coisa. Sempre contamos com as prefeituras para que façam eventos, que são a verdadeira solução. Recentemente, tivemos em Guarujá o Conexidades, que movimentou a cidade praticamente a semana toda. Está provado que qualquer tipo de evento, seja de entretenimento, de negócios ou de agentes públicos, mexe com a atividade dos bares, restaurantes e hotéis”.


Um evento citado por Gonzalez está bem próximo: a 14ª Conferência Anual da Rede de Cidades Criativas da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que ocorrerá entre os dias 18 e 22 de julho em Santos. São esperados representantes de 75 países na Cidade.


“Com certeza, trará um ótimo movimento para os hotéis, bares e restaurantes. No geral, a segunda quinzena de julho, que chamamos de ‘temporadinha’, é sempre boa e ajuda a pagar as contas”, resume.


Inverno em alta

No comércio, as boas perspectivas vêm no ritmo dos termômetros em queda. De acordo com Omar Assaf, o inverno ‘antecipado’ em algumas semanas, e com alguma intensidade, tem ajudado nas vendas.


“A gente está com um inverno bom este ano, e isso ajuda, assim como as Festas Juninas, que se estendem até julho”, conta. Nesse contexto, o hexa seria a cereja no bolo de um semestre promissor.


Setor hoteleiro registrou crescimento em comparação a 2021 e espera atingir patamar de 2019
Setor hoteleiro registrou crescimento em comparação a 2021 e espera atingir patamar de 2019   Foto: Vanessa Rodrigues/Arquivo AT

Eleições

Os representantes do SinHoRes e do Sincomércio lembraram de um elemento em comum: a expectativa pelo resultado das eleições, seja qual for o resultado. A incerteza sobre os rumos da economia pode frear ímpetos consumistas. “Enquanto o resultado não se resolver em outubro, tudo diminui um pouco. As pessoas ficam apreensivas em investir, com seus empregos e, portanto, mais suscetíveis a não gastar”, pondera Heitor Gonzalez.


Omar Assaf, contudo, vê no pleito uma chance de geração de empregos. “É um ano eleitoral, apesar de todo o acirramento da campanha. Mas ele é bom porque gera muito dinheiro. Esses recursos voltam para Cidade, porque geram emprego e movimentam a economia”.


Primeiro semestre positivo

Os segmentos do comércio, bares, restaurantes e hotéis comemoram os resultados dos primeiros seis meses do ano. Se não chegaram ao patamar de 2019, último ano antes da pandemia da covid-19, ambos superaram 2021. E esse feito é celebrado.


“Comparando com o ano passado, foi uma maravilha. Depois de dois anos de pandemia, a gente teve um semestre sem grandes oscilações ou medo de fechar as portas. A gente fala em 7% a menos de faturamento, na média, do que primeiro semestre de 2019. No ano passado, havia restrições de mesas e até lockdown em um período. Fica até complicado comparar”, diz Heitor Gonzalez, do SinHoRes.


Segundo ele, os números poderiam até ser melhores, caso houvesse uma atualização dos preços. “Se a gente tivesse mexido em preços, poderia ter faturado a mesma coisa que em 2019. Em termos de púbico, tivemos a mesma coisa. Mas, em faturamento, ficou um pouco aquém. Existe um receio muito grande de acertar os preços. Vamos fazer um estudo nesse sentido, para ajudar os empresários a terem uma precificação mais acertada”, aponta.


Omar Assaf, do Sincomércio, também mostra um cenário positivo do setor. Os números do primeiro trimestre reforçam uma tendência de crescimento, que deve ser confirmada nos próximos dias.


Segundo dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), a região do Litoral Paulista teve um faturamento nos três primeiros meses do ano 9,8% maior em 2022 quando comparado com o mesmo período do ano passado.


“Tivemos algumas variações de preço como o combustível, que impactam também no comércio. Mas o saldo foi positivo e isso se estenderá para o segundo semestre. Até mesmo as contratações, em muitos casos, devem ser feitas já a partir de outubro”, sinaliza Assaf.


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