Sabesp gasta R$18 milhões por ano para retirar lixo de redes de esgoto na Baixada Santista

Representante da companhia pede conscientização para destino do lixo à população

Por: Ágata Luz  -  19/04/22  -  18:00
Apenas de janeiro a março deste ano, 1.447 toneladas de resíduos sólidos foram recolhidas
Apenas de janeiro a março deste ano, 1.447 toneladas de resíduos sólidos foram recolhidas   Foto: Divulgação/Sabesp

A remoção do lixo encontrado em equipamentos e instalações dos sistemas de esgotamento sanitário na Baixada Santista custa à Sabesp cerca de R$ 18 milhões por ano. Esse gasto é necessário para a retirada de materiais que não deveriam estar nessa rede, como absorventes, cabelos, garrafas PET, embalagens e preservativos — que correspondem quase à metade de todos os resíduos sólidos recolhidos.


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De acordo com o gerente do Departamento de Gestão e Desenvolvimento Operacional da Sabesp na Baixada Santista, Humberto do Nascimento Ferreira, se a população sempre despejasse lixo adequadamente, a despesa com o trabalho de limpeza seria menor.


“Isso não significa que zere um dia, até por causa da areia (que é incluída como resíduo sólido), mas (o investimento) pode ser reduzido a uma proporção mais adequada. Algo vai chegar, mas poderíamos trabalhar com números menores.”


Ele explica que o esgoto chega à rede coletora por diversos meios. “Seja pela pia da cozinha, (do ralo) do chuveiro, na pia do banheiro. Cada material jogado no vaso sanitário acaba atingindo a rede de esgoto”. Ferreira enfatiza que o reflexo é notado nas redes coletoras ou estações elevatórias e de tratamento de esgoto, onde os resíduos são recolhidos.


Apenas de janeiro a março deste ano, 1.447 toneladas de resíduos sólidos foram recolhidas. Do total, 644 toneladas (44,5%) são lixo.


Se o volume persistir nos próximos meses, o total deste ano ultrapassará as médias dos últimos cinco. O maior resultado foi registrado em 2019, quando 5.310 toneladas de resíduos sólidos foram retiradas das estações da Baixada Santista, das quais 2.306 toneladas de detritos (43,3%).


Serviço

As consequências dessa situação no sistema da Sabesp variam, segundo Humberto Ferreira. “O primeiro lugar que se atinge é a rede coletora, podendo causar obstrução. Se não ocorrer, vai parar em outro ponto, que é a estação elevatória, onde há o sistema de bombeamento que faz o recalque desse esgoto de um ponto para o outro”, explica, dizendo que o terceiro ponto é a estação de tratamento de esgoto.


Em cada caso, a Sabesp faz limpeza preventiva ou corretiva. “As preventivas são aquelas feitas com certa periodicidade. Corretivamente, é quando existe a obstrução”, relata, explicando que a limpeza preventiva é realizada nas 340 estações elevatórias da Baixada Santista, com frequência que varia conforme a demanda.


“Nas estações de tratamento de esgoto, (o trabalho) é contínuo. Existem equipamentos que ficam 24 horas por dia retirando o resíduo sólido que chega porque, para fazer esse tratamento, tem que estar somente o esgoto”, enfatiza, dizendo que a terceira opção é a corretiva, quando há obstrução.


Resíduos líquidos

Humberto do Nascimento Ferreira enfatiza que, apesar de não aparecerem nos dados, os resíduos líquidos também prejudicam muito os sistemas de esgotamento sanitário. “São os óleos e as graxas. Eles formam camadas de gordura e chegam até nossos equipamentos, se agregando ao lixo. Formam incrustação na rede, o que propícia obstrução”.


O problema, porém, pode ser evitado com a conscientização das pessoas. De acordo com Ferreira, a Baixada Santista tem inúmeras fontes coletoras de óleo. “(O despejo) É da atividade humana, mas entra a questão da consciência”, considera.


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