Recém-nascido vence Covid-19 em Santos após oito dias internado: 'Pior dor que já vivi'

O pequeno Pedro Henrique Mendes Cruz foi diagnosticado com a doença 11 dias após seu nascimento

Por: Ágata Luz  -  26/04/21  -  07:51
      Pedro Henrique Mendes Cruz nasceu no dia 2 de abril de 2021
Pedro Henrique Mendes Cruz nasceu no dia 2 de abril de 2021   Foto: Arquivo Pessoal

Com menos de um mês de vida, o pequeno Pedro Henrique Mendes Cruz já venceu uma árdua luta. Ele nasceu no dia 2 de abril e após 11 dias foi internado com uma febre insistente, mais tarde diagnosticada como Covid-19. Morador de São Vicente, o bebê ficou internado na UTI Neonatal do Hospital Ana Costa, em Santos, sem acompanhante. "Foi a pior dor que já vivi, chegar em casa e encontrar um berço vazio", destaca a mãe, Patrícia Rodrigues Mendes Cruz, de 35 anos. A criança teve alta na última quinta-feira (21).


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O bebê manifestou o primeiro e único sintoma na madrugada de 13 de abril. "Uma febre de 38 graus que não baixou durante o dia todo", explica Patrícia. De acordo com a mãe, Pedro passou por exames de sangue, urina e punção lombar. Após resultados negativos para infecções gerais, ele foi internado. "É protocolo do hospital não permitir recém-nascido sair com febre. Depois de 48h, saiu o positivo dele para Covid", relembra.


Para a mãe, o diagnóstico de Pedro trouxe à tona um sentimento de impotência. "Você se sente incapaz de poder fazer algo pela pessoa que você mais ama, um bebezinho que nada entende da vida ou o por que tudo aquilo está acontecendo", relata Patrícia.


A mãe de Pedro ainda explica que nos primeiros quatro dias, a família não podia ficar com o recém-nascido, porém, a equipe profissional foi muito atenciosa. "Os médicos e enfermeiras foram como anjos, isso ajudou a aliviar a dor da distância", destaca.


Ao todo, Pedro Henrique ficou oito dias no hospital. "Quatro na incubadora e quatro em um quarto isolado comigo onde só pessoas autorizadas entravam", segundo Patrícia. A alta do bebê aconteceu no dia 21: "Sentimento revigorante".


      Pedro é o primeiro filho do casal Patrícia e Gilberto
Pedro é o primeiro filho do casal Patrícia e Gilberto   Foto: Arquivo Pessoal

Constante medo


Apesar da alegria da alta da criança, Patrícia relata o medo constante que vive com a chance de uma possível reinfecção. "Tenho um sentimento de insegurança, pois podemos nos reinfectar e toda vez que um familiar, parente ou amigo pega o vírus, vivemos esse pesadelo novamente", ressalta.


Tendo isso em mente, a família segue em isolamento domiciliar, se prevenindo de qualquer possibilidade de contrair o vírus. "Não estamos recebendo ninguém em casa e nem estamos saindo. Vivo com um misto de gratidão e medo", enfatiza a mãe de Pedro.


Além do distanciamento social, a família está atenta para qualquer novo sintoma. Isso porque os pais de Pedro também foram infectados pela Covid-19, mas não identificaram a doença. "No dia 6, eu tive dores no corpo, coriza e dor de cabeça", explica Patrícia. Porém, a mulher associou os sintomas à sinusite e ao parto que havia acontecido quatro dias antes.


Patrícia e o marido Gilberto Gomes Cruz, realizaram o teste da Covid somente depois do filho testar positivo. "Os médicos pediram para a gente fazer depois que o Pedro deu entrada no dia 13", explica.


Por isso, a mãe não tomou nenhuma medicação: "Eu não sabia que estava com Covid na semana que tive os sintomas mais graves". Por outro lado, o bebê recebeu o tratamento durante a internação e Gilberto também tomou medicação por cinco dias, seguindo orientação médica.


A família não sabe onde foi infectada. Porém, apesar de seguir todos os cuidados, Patrícia afirma que há possibilidade de ter sido durante a estadia no hospital para o nascimento de Pedro ou das visitas que o bebê recebeu. "Não dá para saber porque ninguém mais manifestou o Covid, somente eu, Pedro e meu marido", relata.


Para Patrícia, a história de luta contra a doença de seu primeiro filho deve servir de exemplo para que a população entenda os perigos do coronavírus. "Espero que ajude as pessoas a entenderem o quão perigoso é esse vírus e que ninguém é imune a ele. Se não te causa dor diretamente, causa com a perda de um amigo", finaliza.


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