Reajuste do aluguel na Baixada Santista ignora taxa de 37% do IGP-M

Acordo acaba sendo pela manutenção do valor ou com percentuais mais baixos

Por: Matheus Müller  -  02/06/21  -  14:55
  Segundo dono de imobiliária, de toda carteira de alugados, a maioria obteve manutenção dos valores
Segundo dono de imobiliária, de toda carteira de alugados, a maioria obteve manutenção dos valores   Foto: Matheus Tagé/AT

Nas renovações de contratos de aluguéis de imóveis comerciais e residenciais na região, os 37,04% previstos pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) no acumulado dos últimos 12 meses até maio são praticamente ignorados. O acordo tem se dado pela manutenção de valores ou reajustes em percentuais bem inferiores ao do IGP-M, referência do setor imobiliário.


O dia a dia das negociações tem mostrado, segundo as imobiliárias, um bom senso dos proprietários de imóveis. No ano passado, com a primeira onda da doença e o fechamento de lojas, muitos reduziram os valores cobrados dos inquilinos e outros mantiveram os aluguéis.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


De acordo com fontes, a medida foi adotada tanto para o comercial quanto residencial, pois muitos tiveram piora na condição financeira, principalmente com o aumento das demissões e reduções de salários – a situação se mantém. “Tivemos vários casos em que conseguimos manter o aluguel e em alguns poucos fizemos o aumento. Porém, bem abaixo daquilo que prevê o reajuste (do IGP-M).


Então, houve bom senso total, até porque muitos proprietários dependem exclusivamente da renda do aluguel até para sua sobrevivência”, conta o dono da imobiliária santista, Bruno Vieira, Maneco Imóveis.


Vieira diz que a imobiliária também depende da majoração do aluguel para que haja aumento da receita, pois recebe um percentual do valor mensal. Entretanto, ele entende que a imobiliária precisou fazer sua contribuição e foi impactada pela redução das cobranças com o esforço de muitos proprietários que reduziram os preços. “É uma questão até de empatia”.


O dono da imobiliária Gêmeas Imóveis, de Praia Grande, André Luiz Fernandes da Silva, também não tem notado abusos nas renovações. “Estamos praticamente com reajustes mínimos, porque, realmente, com o valor dos 37%, não dá para reajustar. Uma correção viável seria até o índice do IPCA ou no máximo até 10%”. Ele conta que da carteira de 100 imóveis alugados por intermédio da imobiliária, a maioria teve a manutenção dos valores.

CLIQUE AQUI E VEJA O GRÁFICO DE EVOLUÇÃO DO IGP-M


Nova referência


Um projeto em tramitação no Senado propõe que o IPCA, de 6,75% em um ano, seja referência para os aluguéis. “O projeto propõe limitar o reajuste ao valor do IPCA. Mas as administradoras já orientam os proprietários a fazerem a troca dada a inviabilidade de reajustes tão elevados pelo IGP-M, sob a pena de perder o inquilino ou inviabilizar a sobrevivência do negócio no caso dos imóveis comerciais”, diz o economista Jorge Manuel de Souza Ferreira.


O professor e economista do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Alexandre Chaia, aconselha a negociação. Segundo ele, caso os donos dos imóveis se mostrem inflexíveis e resolvam elevar o reajuste, ele orienta uma eventual quebra de contrato – mesmo pagando multas.


“O mercado imobiliário está desaquecido, está sobrando apartamento e sala de escritório, o que torna mais fácil renegociar. Mesmo pagando uma multa sobre um valor de aluguel mais alto, no longo prazo, ele vai conseguir compensar a perda, porque o valor do aluguel está em baixa hoje”, diz.


Logo A Tribuna