Projeto foca em jovens de Santos para reduzir lixo que chega ao mar

Beco Limpo atua em palafitas e busca fazer trabalho de conscientização ambiental

Por: Redação  -  22/05/22  -  17:40
Os 25 jovens selecionados no programa, todos das comunidades, recebem ajuda mensal de R$ 400,00
Os 25 jovens selecionados no programa, todos das comunidades, recebem ajuda mensal de R$ 400,00   Foto: Alexsander Ferraz/AT

“Eu não percebia o tanto de lixo que tem jogado embaixo do lugar em que moro. Agora, quando vou chegando em casa, fico assustada com o que vejo”. A frase é da jovem Gabriela Silva Bonifácio de Souza, de 16 anos, uma das 25 alunas inscritas no projeto Beco Limpo, da Secretaria de Meio Ambiente de Santos, lançado neste mês, e que tem por finalidade capacitar meninos e meninas que vivem em palafitas (Dique da Vila Gilda, Vila dos Criadores e Jardim São Manoel) para que saibam como transformar em dinheiro parte do lixo que aquela comunidade produz e possam ser multiplicadores desse conhecimento entre os demais moradores.


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Esse projeto integra um conjunto maior de ações da Prefeitura de Santos que busca reduzir a quantidade de lixo gerada em comunidades periféricas da Cidade e que acaba chegando a outros pontos, principalmente nas praias. Estudo desenvolvido pela Semam junto com outros parceiros identificou as palafitas como uma das principais geradoras de detritos que chegam à orla.


O programa
No Beco Limpo, os jovens participarão de três oficinas, totalizando 16 horas semanais: horta e compostagem, marcenaria e cocriação, conceito que reúne noções de inovação e construção de uma ideia que possa solucionar problemas e melhorar o meio onde vivem.


Os 25 jovens selecionados no programa recebem uma ajuda mensal de R$ 400,00 e são todos das comunidades. “Não podíamos apenas ficar recolhendo o lixo da praia e dos mangues. Era preciso ir além, identificar a fonte desse lixo e trabalhar para que essa consciência fosse ampliada. Trabalhar com esses jovens gera uma consciência que se espalha por toda a comunidade”, diz Gabriela Otero, uma das facilitadoras das oficinas e que já havia atuado na pesquisa de origem do lixo que chega às praias.


“Um dos principais mérito do Beco Limpo é que ele foi construído ouvindo a comunidade, respeitando seus desejos. É um processo participativo, que valoriza, acima de tudo, os saberes dos moradores. E é daí que vem o engajamento social, que permite colocar em prática os objetivos, pois eles nasceram do respeito ao coletivo”, diz o secretário de Meio Ambiente de Santos, Marcos Liborio.


Cada turma de 25 jovens fica no projeto durante quatro meses, e depois, começa uma nova turma. A duração inicial do programa é de três anos, período em que o impacto do projeto sobre as comunidades será estudado.


Oportunidade
Para José Virgílio de Figueiredo, criador e presidente do Arte no Dique, instituto onde as aulas do Beco Limpo acontecem, essa é uma oportunidade para que os jovens aprendam uma profissão, como a marcenaria. As aulas teóricas do projeto acontecem dentro do instituto, que tem 20 anos de criação e se dedica a oferecer arte, cultura e educação a crianças e jovens que vivem na comunidade do Dique da Vila Gilda. O Arte no Dique é parceiro do programa.


José Virgílio torce para que a Prefeitura e os demais parceiros dessa iniciativa ocupem parte do imóvel do instituto para montar uma marcenaria, que funcione não só para os jovens que terminam os estudos, mas para os adultos também. “O que essas pessoas precisam é de emprego e renda. Bons marceneiros, bons eletricistas sempre encontram espaço para trabalhar. Pode não ter emprego, mas trabalho não falta”, diz o presidente da entidade.


O espaço que já está disponibilizado é o da quadra esportiva que fica na lateral do prédio. Ali, segundo explica, pode funcionar um centro de treinamento e capacitação até no período noturno, para jovens que estudam durante o dia ou para adultos que queiram aprender novos ofícios.


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