Profissionais do Litoral de São Paulo dão dicas para aliviar a ansiedade

Tratar o transtorno pode ou não exigir medicamentos e só um profissional deve prescrevê-los

Por: Natalia Cuqui  -  30/07/22  -  14:10
Atividade física e cuidados com alimentação não resolvem a ansiedade, mas ajudam a minimizar sintomas
Atividade física e cuidados com alimentação não resolvem a ansiedade, mas ajudam a minimizar sintomas   Foto: Adobe Stock

A ansiedade é considerada o mal deste século. Segundo dados de 2019 da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo e um dos que mais têm casos de depressão. Muitos são os motivos para o transtorno ganhar esse título. Há sintomas, porém, que indicam quando é necessário buscar tratamento com remédios.


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A psicóloga Jéssica Tedesco explica que é preciso entender a diferença entre a ansiedade normal e a patológica. “A ansiedade é uma reação do nosso corpo que nos prepara para enfrentar algumas situações. É a antecipação das sensações e dos pensamentos”.


Ela cita o exemplo de uma pessoa que fica ansiosa antes de realizar uma prova importante. Nesse caso, a ansiedade a ajuda a se movimentar e estudar para a prova. Porém, quando a ansiedade paralisa mais do que movimenta e os medos são mais ligados ao imaginário do que à realidade, é preciso ficar atento.


“A ansiedade se torna um problema quando traz prejuízos significativos para a vida da pessoa, como baixa qualidade do sono, queda no desempenho em tarefas e na concentração. Geralmente, o psicólogo trabalha com a história de vida de cada um, porque a ansiedade pode estar presente em vários aspectos da vida e as causas costumam ser multifatoriais”. Os avanços tecnológicos, segundo a psicóloga, podem contribuir para que o distúrbio seja considerado o mal do século, pois as pessoas estão quase 100% do tempo conectadas a aparelhos eletrônicos. “É normal escutar alguém dizer: ‘Queria que meu dia tivesse mais de 24 horas’. Isso mostra o quanto precisamos repensar nossos hábitos e dialogar sobre qualidade de vida”.


É importante atentar aos sinais de que é o momento de buscar ajuda: quando a ansiedade paralisa, gera um grande fluxo de pensamentos negativos e causa prejuízos na vida social, no sono, na concentração e na disposição. Jéssica aponta, também, sintomas físicos: sudorese, tremores, falta de ar e sufocamento, desconforto abdominal, tensão muscular, tontura e sensação de medo intenso de perder o controle.


“Cabe ao profissional de saúde mental identificar esses sintomas, considerando a frequên-cia com que ocorrem e o nível de prejuízos para que ele possa diagnosticar e indicar o melhor tratamento, pois também é importante salientar que existem diferentes tipos de ansiedade. Quando ela passa para o nível de transtorno, pode ser que a pessoa precise iniciar o tratamento medicamentoso com um psiquiatra”, pontua.


Cuidados

O psiquiatra Bruno Reis explica que ainda há bastante preconceito e, por isso, pode ser desconfortável ir a uma primeira consulta. Mas esse não pode ser um fator impeditivo. “É uma avaliação que não necessariamente implica em tratamento com remédios. Na dúvida, procure um profissional habilitado, consulte-se e tire suas dúvidas. Somente dessa forma podemos propor um planejamento terapêutico adequado e que nem sempre necessita da prescrição de remédios”.


O especialista cita a psicoterapia como o principal tratamento, mas observa que o paciente dá menos importância a ela porque tem pressa em resolver situações, incluído o transtorno. “Apesar de todos os avanços da medicina, a psicoterapia permanece como padrão ouro e primeira escolha de tratamento para a ansiedade”.


Reis afirma haver tratamentos com antidepressivos e ansiolíticos para os casos de ansiedade. Porém, o uso de remédios deve ser feito apenas com orientação e acompanhamento regular de um médico.


O também psiquiatra Sidney Gaspar pontua que a descarga de cortisol gerada pela crise de ansiedade agride o corpo, especialmente cérebro, coração e rins, mais do que os remédios.


“As pessoas podem ficar dependentes da agressão do cortisol a vida inteira. Quem tem propensão a ter um quadro de Alzheimer o terá com mais precocidade, quem tem propensão à depressão a terá com mais rapidez, porque o cortisol em excesso é muito agressivo para o nosso corpo, gera um processo inflamatório”.


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