Prestes a completar 54 anos, Camps é referência na educação dos jovens da Baixada Santista

Centro foca em jovens de baixa renda, capacitando-os para o caminho do trabalho

Por: Redação  -  03/10/21  -  12:59
 Atualmente 1.200 jovens da região atuam em cerca de 200 empresas e órgãos públicos conveniados
Atualmente 1.200 jovens da região atuam em cerca de 200 empresas e órgãos públicos conveniados   Foto: Divulgação

Se o assunto é oportunidade de profissionalização e inserção no mercado de trabalho, o Centro de Aprendizagem e Mobilização Profissional e Social (Camps) é referência na Baixada Santista. Prestes a completar 54 anos, em novembro, a instituição já formou mais de 120 mil aprendizes ao longo de sua história. Atualmente, 1.200 jovens da região, 900 deles de Santos, atuam em cerca de 200 empresas e órgãos públicos conveniados.


“Quando assumi o Camps há uns quatro, cinco anos, ouvi de uma líder comunitária que o jovem da periferia sonha em entrar no Camps ou no crime organizado. Demorei um pouco pra entender essa situação, mas depois eu vi a realidade. Muito cedo, elas (crianças) veem os jovens saindo com a pastinha para o trabalho ou com uma arma na mão. O Camps é um bom exemplo atuando nas comunidades”, afirma o vice-presidente, Elias Júnior.


Com programas desenvolvidos para menores e maiores de idade, o Camps oferece cursos de Rotinas Administrativas, Logística, Logística Portuária, Comércio e Varejo e Tecnologia da Informação (TI). Adolescentes a partir de 14 anos podem se inscrever gratuitamente para concorrer às vagas, mas por força da lei, os aprovados são inseridos aos 16 anos.


Disputa acirrada

Além da aprendizagem, o Camps tem projetos na área do empreendedorismo, desenvolvidos em parceria com o Senai e o Sebrae, e voltados ao mercado de trabalho e à geração de renda. Esse leque de opções faz com que a concorrência por uma vaga seja grande. Atualmente, são 10 adolescentes disputando cada posto oferecido pela instituição.


“Nosso foco é gerar oportunidades para as faixas mais vulneráveis. Levamos em consideração a questão financeira da família e de jovens que tiveram os direitos violados. O Camps acaba sendo uma casa de acolhimento, porque lá o jovem é recebido, tem lanche, almoça. Tem a formação e o incentivo do vale transporte. Às vezes ele deixa de participar de um curso porque não tem condições de bancar deslocamento e alimentação”, diz Elias Júnior.


Políticas públicas

O vice-presidente do Camps destaca os convênios, como o da Prefeitura de Santos, que tem 100 aprendizes em seus quadros, mas diz que é preciso fortalecer as políticas públicas, colocando mais jovens em equipamentos nas esferas federal, estadual e municipal. “Tem bastante campo quando se fala em jovens em situação vulnerável, que precisam ter acompanhamento psicossocial. Ainda mais os adolescentes que passaram pela Fundação Casa”, observa.


Por meio de acordos firmados com universidades da região, os adolescentes podem ficar conectados com a instituição por um período que varia de dois a quatro anos. “O Camps é um modelo construído pela iniciativa privada e a sociedade civil. Os jovens podem ter um contrato de trabalho de 11 a 15 meses no regime CLT, em caráter especial, dentro da aprendizagem. Já os que ingressam no curso superior podem ficar na empresa depois, como estagiários”.


Para Elias Júnior, a formação e a conquista do primeiro emprego são pilares fundamentais para o jovem em situação vulnerável almejar um novo horizonte, que impacta na transformação da sociedade. “Não tem desenvolvimento econômico sem desenvolvimento social. Se a comunidade quiser uma sociedade mais justa, tem que olhar a oportunidade, que é o que muda esse cenário. Quando encontramos empresários responsáveis com a nossa cidade, estamos contribuindo para uma sociedade mais igualitária”.


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