Prefeituras da Baixada Santista pretendem ampliar em 18,5% ciclovias e ciclofaixas

Região conta atualmente com 325 quilômetros de vias

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  05/08/19  -  23:02
Obras da Nova Ponta da Praia incluem a construção de nova ciclovia
Obras da Nova Ponta da Praia incluem a construção de nova ciclovia   Foto: Vanessa Rodrigues/ AT

Alternativas para reduzir o volume de veículos nas ruas, as bicicletas ganham espaço nos planos de mobilidade urbana da Baixada Santista. Projetos já elaborados ou em estudo nas nove cidades preveem a ampliação da malha cicloviária regional em 18,5% nos próximos anos, indo dos atuais 325 quilômetros para 385.


Os números foram compilados por A Tribuna tendo como base dados informados pelas prefeituras e órgãos de trânsito das nove cidades. Levam em conta ciclovias (acesso segregado do fluxo do trânsito) e ciclofaixas (trecho sinalizado com pintura no solo).  


“Infelizmente, ainda estamos atrás de outras regiões que possuem características parecidas e já perceberam que o modal cicloviário provoca menor impacto ao meio ambiente”, pondera o mestre em Estruturas Ambientais e Urbanas pela USP e coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisanta, Pierre França Corrêa.  


Município da Baixada Santista com maior número de ciclovias, Praia Grande possui hoje 95 km de faixas exclusivas a ciclistas e pretende chegar a 100 km até o fim do ano. Uma importante via da cidade, a Avenida do Trabalhador, passa por revitalização entre os bairros Vila Sônia e Antártica e receberá ciclovia e ciclofaixas. 


“Esse investimento resulta em importantes melhorias à mobilidade urbana, além de garantir mais segurança aos ciclistas”, pondera o secretário de Trânsito de Praia Grande, Marcelo Afonso Prado.  


Santos tem 47,1 km e continua estimulando a utilização do transporte não motorizado, como detalha a diretora de Planejamento e Projetos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Santos), Luciane Beck. 


“Incentivamos o uso das bicicletas como uma alternativa de deslocamento. Santos registra 1,4 habitante por veículo, ou seja, é uma das cidades mais motorizadas do País, e não há como pensar em desenvolvimento econômico sem um transporte adequado e aliado à sustentabilidade”. 


Em Santos, o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) afirma que a principal ação no setor será interligar as ciclovias da Zona Noroeste à Avenida Martins Fontes. A intervenção faz parte da remodelação viária da Nova Entrada da Cidade, em andamento. 


Projetos 


Com 12 quilômetros implantados, São Vicente deve ampliar 10% das ciclovias e ciclofaixas. A prefeitura busca financiamento para instalar 1,2 km de faixa da divisa com Santos até a Linha Amarela, passando pela Avenida Monteiro Lobato. 


O secretário de Trânsito e Transportes vicentino, Alexandre de Almeida, ressalta a importância desse meio de locomoção, adotado por mais de 100 mil moradores da Cidade. “As ciclovias vão além do lazer, incentivando o uso da bicicleta como transporte barato e ecológico”.


De acordo com a Diretoria Municipal de Trânsito e Transporte (Ditran) de Guarujá, cerca de 120 mil pessoas utilizam bicicletas no município. A Secretaria de Planejamento informa que faixas exclusivas são instaladas de acordo com a necessidade e a previsão é encerrar o ano com mais 5 quilômetros. Hoje, a cidade conta com 60 km. 


Expansão não segue o ritmo esperado 


Apesar dos planos de expansão, tanto a atual extensão quanto as projeções indicadas pelas prefeituras estão aquém do previsto no Plano Cicloviário da Baixada Santista, produzido pela Agência Metropolitana (Agem) e consolidado em 2007.  


A previsão era chegar a 2016 com mais de 500 quilômetros de ciclovias. Uma década depois, outros 21 quilômetros se somariam à malha local.  


O estudo apontava que as ciclovias de ciclovias deveriam se aproximar “ao máximo dos principais pontos de interesse dos ciclistas, inclusive dos atrativos turísticos” e os locais de prática de esportes e atividades de lazer. 


“Falta integração entre as cidades. Cada prefeito faz [os projetos] do seu jeito. Atualmente, cresceu e muito o número de ciclistas, mas as ciclovias não acompanharam”, sustenta o presidente da Associação Brasileira de Ciclistas (ABC), Jessé Teixeira Felix.  


Segundo a Pesquisa de Origem Destino Domiciliar, da EMTU, as nove cidades contavam em 2012 com 574 mil bicicletas, representando 330 para mil habitantes. O levantamento demonstrou que, diariamente, eram realizadas 2,1 milhões de viagens entre as cidades regionais, sendo 15% delas realizadas por bicicletas (303 mil por dia).  


“Sem acessos específicos, essa turma se arrisca no meio do trânsito e pelas calçadas. É a principal razão pelo aumento de mortes no trânsito”, continua Felix.


Cubatão quer quintuplicar malha em até uma década 


Com uma das menores malhas cicloviárias da região – 8,7 quilômetros –, Cubatão apresenta o plano mais robusto de novas faixas exclusivas para bicicletas. Em dez anos, a cidade pretende multiplicar por cinco a quilometragem destinada para o veículo com zero níveis de emissão de poluentes.


Em 2026, o município deve atingir a 43,2 km de trechos com fluxo segregado, segundo a Companhia Municipal de Trânsito (CMT).


Em junho, Cubatão teve aprovado aporte de mais de R$ 6,7 milhões do Condesb para implantar um sistema cicloviário. 


Por nota, a administração municipal afirma que “ainda não recebeu o valor citado, já que é necessário a elaboração de um plano de expansão e o projeto executivo para que só então o valor seja recebido”. 


Peruíbe alia o crescimento ao atrativo turístico 


Com 60 quilômetros de faixas exclusivas (40 km de ciclovias e 20 km de ciclofaixas), Peruíbe é o município regional que apresentou o maior crescimento percentual na última década. Em 2012, por exemplo, havia apenas 12,5 quilômetros de acessos destinados a bicicletas na cidade.  


Segundo o prefeito Luiz Maurício (PSDB), há a intenção de ampliar a malha municipal nos próximos dois anos, mas a “expansão está ligada a disponibilização de recursos”. Ele destaca ações que incentivam o uso da bicicleta no Turismo. Peruíbe é um dos poucos municípios brasileiros com receptivo de lazer a cicloturistas.  


Já Mongaguá finalizou no semestre passado 1,1 quilômetro de ciclovia na Avenida Agenor de Campos até o bairro Plataforma. A prefeitura trabalha, agora, no projeto de ampliação do perímetro entre os bairros Itaóca e Agenor de Campos. A cidade conta com 18 quilômetros de faixas, entre ciclofaixas e ciclovias, ligando os principais trechos urbanos.  


Já Itanhaém possui a menor malha regional: 2,6 km. A Prefeitura está com obras para implantar 1,6 km de ciclovia na Avenida Governador Mario Covas Junior e outros 752 metros na Estrada Coronel Joaquim Branco. 


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