Prefeituras da Baixada Santista gastam milhões em bens públicos destruídos por vândalos
Dinheiro do contribuinte é destinado a reparar ações de criminosos
Atualizado em 10/07/22 - 22:22
A ação de vândalos em equipamentos municipais, como unidades de ensino e postos de saúde, e espaços públicos nas cidades da Baixada Santista tem causado um prejuízo imediato aos cidadãos. Tal situação vem obrigando as prefeituras locais a reservarem anualmente milhões de reais para o reparo desses bens.
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Praia Grande explicou que gasta cerca de R$ 480 mil por ano em reparos necessários após atos de vandalismo. Os principais casos registrados estão relacionados a danos causados à iluminação pública e ao mobiliário urbano.
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Mongaguá não soube informar os prejuízos causados por vândalos, pois essas manutenções são feitas com as demais intervenções periódicas realizadas nos prédios públicos.
Neste ano, foram contabilizados cinco furtos em escolas e prédios municipais, sendo dois de gêneros alimentícios, dois de objetos de alumínio (lixeira e portão) e um de equipamento de informática.
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Na última semana, Cuba-tão teve um prejuízo de, ao menos, R$ 10 mil com quatro ações de depredações e furtos. Na madrugada da última terça-feira, a fiação do prédio da Secretaria de Assistência Social foi furtada. No dia anterior, os criminosos invadiram o Paço Municipal e levaram computadores e eletrodomésticos do local.
“A interrupção dos serviços públicos é o maior prejuízo que temos para com a população. É importante que as pessoas denunciem os atos de vandalismo pelo telefone 190”, explicou o titular da pasta de Segurança Pública e Cidadania, Pedro de Sá.
Itanhaém justificou que não tem um valor específico destinado para recuperar bens públicos que foram alvo dessas infrações, pois a manutenção dos equipamentos danificados é realizada pela estrutura da Secretaria de Serviços e Urbanização.
São Vicente informou que ainda está fazendo um levantamento acerca dos gastos por ação de vândalos. Os casos mais comuns são de furto de fiação elétrica e de grades de bocas de lobo.
Concessionárias
A Sabesp informou que foram registradas 212 ocorrências de vandalismo na Baixada Santista nos últimos anos (27, em 2020; 145, em 2021; e 40, em 2022) referentes a cabos elétricos e equipamentos eletrônicos, além dos casos de furto de hidrômetros em imóveis e tampões instalados em vias públicas. Para coibir novas infrações, a empresa vem substituindo as tampas dos poços de visita (para inspeção às redes) por tampas fixadas com travas em base de concreto. Para a proteção dos medidores de água, é recomendada a instalação da Caixa UMA, dispositivo encontrado em lojas de materiais de construção e que protege o equipamento.
A Sabesp reforça que atos de vandalismo sejam denunciados à Polícia Militar, ao Disque-Denúncia 181 ou à própria companhia pelos telefones 195 ou 0800-0550195. A CPFL Piratininga explicou que vem registrando, nos últimos meses, falhas e interrupções no serviço de rede elétrica na região, devido a furtos de fiações e cabos. “Essa atividade criminosa causa interrupção no fornecimento de energia para os clientes e transtornos à distribuidora”, justificou. Denúncias podem ser feitas pelo aplicativo CPFL Energia, pelo siteou pelo e-mail denunciafraude@cpfl.com.br.
A Comgás justificou que não divulga informações sobre o tema abordado nesta reportagem. A Elektro não respondeu até o fechamento desta edição.
Destruição
Professor de Psicologia da Universidade Católica de Santos (UniSantos), Hélio Alves afirmou que a prática de atos de vandalismo está relacionada a uma característica de personalidade do indivíduo, que vai além da questão cultural e entendimento do prejuízo causado à coletividade.
“O vandalismo está muito ligado à questão que (Sigmund) Freud chama de destrutividade. O cidadão que comete essa ação não faz só ao que é público, mas também ao privado. É uma pessoa que tem como princípio o que Freud vai chamar de ‘pulsão da morte’”. Conforme o docente, isso é caracterizado em cidadãos que não terminam o que começam e que o prazer deles é arruinar, e não concluir ou acrescentar.
“Quando eu falo desse lado destrutivo, é algo muito presente em todas as situações: não somente com a pessoa, mas em relação ao outro e ao público. Normalmente, é alguém muito impulsivo. Essa agressividade é colocada para o outro ou para os objetos para destruir por destruir. É um lado bem patológico. A justificativa é destruir fora para não me destruir”, afirmou.