Prefeitos da Baixada Santista acreditam que privatização de balsas fique para 2023
Modelo de concessão está sendo revisado pelo Estado após Rogério Santos e Válter Suman criticarem possível reajuste
Suspenso desde fevereiro, o edital de concessão das travessias de balsas e barcas do litoral de São Paulo segue sendo revisado pelo Governo Estadual. A interrupção se deu após prefeituras da Baixada Santista discordarem de um possível reajuste de até 50% no preço da tarifa. Ouvidos por A Tribuna, os mandatários de Santos, Rogério Santos (PSDB), e Guarujá, Válter Suman (PSDB), acreditam que a privatização fique para 2023.
O prefeito de Santos afirma que mesmo com a privatização, é importante que haja subsídios para que a conta não seja repassada na tarifa. Ele acredita que o novo modelo de concessão fique para 2023.
"A privatização é importante. Porém, ela tem que vir com uma regra de subsídio. Os preços não podem ser repassados ao usuário. Temos que ver a balsa como um transporte público. Ele cumpre um papel importante na economia e na sociedade. Acredito que nesse ano a privatização seja suspensa e um novo modelo com subsídios seja colocado no ano que vem", disse Rogério Santos.
Além das regras de subsídios nas tarifas, Válter Suman afirma que a privatização deve vir acompanhada de uma melhoria na agilidade das travessias e na qualidade do serviço. Assim como Rogério Santos, ele acredita que o problema das filas seja resolvido apenas com a ligação-seca.
"Desde que a qualidade e a agilidade do transporte público melhore, sem impacto no bolso do cidadão, somos favoráveis (à privatização). Em vigência desse ano, que é eleitoral, é pouco provável, a meu ver, que isso venha a ser realizado ainda nesse ano. A população exige que haja um serviço com cada vez mais qualidade", afirma o prefeito de Guarujá.
Estudos
A Secretaria Estadual de Logística e Transportes (SLT) disse em nota que está sendo realizada uma "ampla revisão do projeto de concessão", através da Subsecretaria de Parcerias.
Segundo a SLT, o novo prazo de republicação do edital para licitação será divulgado "em breve". A data ou mês não foram informados.
"O objetivo da concessão é oferecer a melhoria das travessias. O capital privado vai modernizar e ampliar o serviço, trazendo comodidade, segurança e desenvolvimento para as cidades atendidas. Além disso, a concessão gera empregos e aumenta a capacidade das embarcações, trazendo mais agilidade nos deslocamentos", diz o Governo Estadual.
Travessias
Na Baixada Santista, a privatização afeta as travessias Santos-Guarujá, Santos-Vicente de Carvalho e Guarujá-Bertioga.
Outros cinco embarques, sendo um no Litoral Norte (São Sebastião-Ilhabela) e quatro no Vale do Ribeira (Cananeia-Ariri, Cananeia-Ilha Comprida, Cananeia-Continente e Iguape-Jureia), também serão concedidos à iniciativa privada.
A travessia Santos-Guarujá é a de maior movimentação em todo o Estado. Por dia, passam 15 mil veículos (entre carros, caminhões e ônibus), 8 mil motos, 8 mil ciclistas e 200 pedestres, conforme dados do Estado.
Juntas, as oito travessias movimentam cerca de 28 mil veículos e 22 mil pedestres e ciclistas diariamente.
Reajuste
Em fevereiro, o edital de concessão foi suspenso após reclamações das cidades de Santos e Guarujá, sobre a possibilidade de um reajuste próximo a 50% nas tarifas. A licitação estava marcada para 30 de março.
Coincidentemente, em julho, as tarifas do sistema de travessias não foram reajustadas em São Paulo pelo quarto ano seguido. A mesma postura ocorreu em relação aos pedágios de rodovias.
No embarque de carros entre Santos e Guarujá, o preço segue em R$ 12,30, enquanto a tarifa nas barcas de Santos a Vicente de Carvalho permanece a R$ 1,55. Em Guarujá-Bertioga, o valor para automóveis é de R$ 6,15 nos dias úteis e R$ 9,20 aos sábados, domingos e feriados.