Planejamento é palavra de ordem após a reforma da Previdência
Nova Previdência exige dos mais jovens uma mudança de hábitos
A Nova Previdência, que começou a valer na semana passada, exigirá dos jovens planejamento financeiro e mudança de hábitos para chegar à Terceira Idade com dinheiro suficiente para viver dias tranquilos, avisam os especialistas.
“Contribuir para a Previdência Social é obrigatório. Mas, cada vez mais, o sistema servirá para cobrir os chamados riscos sociais, como doença e morte, por exemplo”, diz o advogado Cleiton Leal Dias Júnior.
Por onde começar
Quem quiser garantir um rendimento melhor terá de trilhar o caminho por conta própria. Saber investir será a chave do sucesso. Portanto, dê uma olhada nos sete passos que podem ajudá-lo nesse trajeto.
“O primeiro ponto é não ficar amarrado às regras antigas. Os jovens têm que se adaptar ao novo. Para isso, precisam ter clareza e fazer previsão do que querem para o futuro”, diz o consultor financeiro Uesley Lima.
Agora é hora de decidir quanto se quer na conta bancária mensalmente após a aposentadoria para não passar perrengue e, depois, se preparar para investir. O maior ponto a favor dos jovens é o tempo para pensar, organizar e poupar.
Quanto mais tempo para guardar dinheiro, menos precisarão dispor agora, quando começam a entrar no mercado de trabalho e recebem salários menores, destaca o professor de Economia e Finanças da Fiap, Marcos Crivelaro.
“Há um número mágico, como uma espécie de dízimo, que é guardar pelo menos 10% do salário. Mas, quando se vê estatísticas de vários países, dificilmente se bate essa marca. Já nas nações mais desenvolvidas e com nível salarial maior, esse percentual aumenta”.
O pontapé inicial passa por mudança de hábitos e encarar o investimento como algo vital para a vida. “Em vez de torrar o salário, a pessoa terá de criar hábito de poupar em coisas que darão rendimento ao longo da vida”, informa o economista e diretor da Strong Esags, Eduardo Becker.
Hora do estudo
Definir onde colocar o suado dinheirinho também não é tarefa fácil. Educação financeira ainda não é uma matéria que se aprenda no banco escolar. “O Brasil está entre os três piores países do mundo no quesito poupar. E não estou falando em guardar fortuna. Falo em guardar qualquer valor financeiro”, explica Uesley.
Então, para a geração conectada, a internet será uma saída, avalia Eduardo. “Ou a pessoa vai por si só estudar um pouco do mercado. A internet ajuda muito. No caso de investimento em ações, por exemplo, o jovem terá de analisar os melhores papéis ou contratar um consultor. Há muitos cursos que pode fazer, inclusive na Bovespa”.
É o que faz o farmacêutico Allef Araújo, 25 anos, que começou a estudar finanças por conta própria há seis meses. “Busco muita informação na internet e guardo 30% do salário”.
Dicas
Aprender sobre produtos disponíveis no mercado de investimentos é um passo. Mas Uesley vai além e cobra atitude dos jovens. “Você tem poupança, CDB, LCA, LCI, enfim, uma infinidade de siglas que trazem confusão. A dica é admitir ao gerente do banco não saber o que são esses produtos, mas reforçar que o banco deve investir o dinheiro no que me rentabiliza melhor”.
Independentemente do valor a ser aplicado, a rentabilidade deve ficar, pelo menos, no mesmo patamar da Selic, que é a taxa básica de juros do País. “Se hoje ela está em 5% ao ano, esse retorno tem de ser garantido. Um caminho para saber se está nesse patamar é descobrir se o investimento rende, por exemplo, 100% do CDI. Se render menos, você perderá dinheiro”.