Parque tecnológico em São José dos Campos pode ser exemplo para Baixada Santista

PqTec reúne mais de 160 empresas e fomenta a economia local

Por: Redação  -  13/06/21  -  18:54
  O núcleo do PqTec e seu entorno passaram a integrar o Perímetro Especial do PqTec, que abrange 15,8 milhões de metros quadrados
O núcleo do PqTec e seu entorno passaram a integrar o Perímetro Especial do PqTec, que abrange 15,8 milhões de metros quadrados   Foto: Claudio Vieira/PSJC

“A existência de um parque tecnológico cria um ecossistema positivo de inovação, com o arejamento tecnoló-gico que o mundo moderno exige. As cidades precisam se preparar para esse novo mundo.” A frase é de Alberto Marques Filho, secretário de Inovação e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de São José dos Campos, cidade paulista que abriga um dos parques tecnológicos mais antigos e consolidados do País. Ele reúne e fomenta negócios entre mais de 160 empresas de diferentes setores.


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O desenvolvimento e a industrialização de São José dos Campos sempre tiveram relação com a tecnologia, desde a criação do Centro Técnico de Aeronáutica em 1946, de onde se originaram o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 1950; o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 1961; e a Embraer, em 1969, formando o primeiro e grande ecossistema tecnológico do País.


Os estudos para criação de um parque começaram em 2005, com uma incubadora de empresas e a compra de um prédio pela Prefeitura. O credenciamento definitivo do PqTec no Sistema Paulista de Parques Tecno-lógicos ocorreu apenas em 2010. Nesse período, universidades e escolas de tecnologia foram se instalando: Unifesp (federal), Unesp, Fatec (estaduais), além de empresas que encontraram nesse ambiente uma forma de trocar e buscar experiências e crescer.


“No final da década de 90, no início de uma fase de desindustrialização, estagnação, o governo municipal percebeu que era preciso buscar outro setor de desenvolvimento econômico da cidade. Foi quando surgiu o Sistema Paulista de Parques Tecnológicos. São José entrou em uma fase de projeto piloto (Elso Alberti Júnior, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Associação Parque Tecnológico de São José dos Campos)”


Conectividade


No relatório de atividades do parque referente ao ano pandêmico de 2020, uma frase define bem o papel do PqTec: “Se o cerne de nosso trabalho já era o de conectar pessoas e organizações que desenvolvem inovação — isto é, transformar pesquisa em bens inovadores para o mercado —, hoje isso se intensificou ainda mais. Foi preciso estreitar os relacionamentos, aproximar-se ainda mais dos empreendedores, identificar oportunidades e apontar caminhos”.


O parque é gerido por uma organização social, a Associação Parque Tecno-lógico de São José dos Campos, contratada após licitação pela Prefeitura. O contrato vence a cada cinco anos e um novo processo se inicia.


Para dar certo


Alberto Marques Filho diz que não há receitas prontas para que parques tecnológicos, como o de Santos, cresçam e se consolidem, mas ele destaca alguns elementos que julga essenciais: a presença de estudantes de cursos ligados a tecnologia, empresas em busca de inovação e o Poder Público fomentando o ambiente, promovendo iniciativas e oportunidades para que “esses atores estejam em permanente contato”.


“Assim como o Cubo, um parque tecnológico atrai outros negócios. Pessoas vão começar a morar mais próximo, empresas se instalam na região em busca desse conhecimento. É um impacto positivo para a cidade e a região, porque tem talentos, inovação, ideias circulando (Renata Zanuto - Co-head do Cubo Itaú atração)”


Ecossistema diferente


Uma das iniciativas mais bem-sucedidas no universo da tecnologia é o Cubo-Itaú, um centro que faz a conexão entre startups (empresas jovens, com base tecnológica forte), investidores e grandes empresas. Foi fundado há cinco anos. Renata Zanuto, co-head do Cubo Itaú, diz que o principal desafio quando da criação do Cubo foi buscar essa conexão e mostrar a relevância de pôr diferentes agentes em um mesmo ambiente. “Queríamos mostrar o valor da conexão para as grandes empresas, mostrar que há muitas soluções inovadoras possíveis para as grandes empresas, em todas as áreas, e que vão trazer mais eficiência e ganho em escala. Uma gera valor para outra”.


Pandemia intensificou


Renata diz que, com a pandemia, houve aumento das demandas. “Para as grandes empresas continuarem funcionando, foi preciso olhar para soluções tecnológicas. Hoje, inovação e tecnologia deixaram de ser algo só interessante e passaram a ser algo necessário.”


Parque tecnológico


“Ter um parque tecnológico é gerar densidade, ter talentos em TI, iniciativas que beneficiam a inovação. Tudo isso vai trazer um incremento para a economia de uma cidade ou região”, diz a especialista.


Ela destaca que o Cubo Itaú levou a essa atração de novos interesses para São Paulo, onde ele está instalado. O mesmo pode acontecer para a cidade onde um parque estiver criado. “Outros segmentos vão se formar ao redor dessa região, movimentar o comércio local.”


Renata Zanuto mostra, ainda, outro ganho para iniciativas como o Cubo ou um parque tecnológico: a fixação de jovens naquela região e a formação de mão de obra qualificada.


Ela concorda que muitos jovens talentos estão deixando o País em busca de oportunidades nessa área, mas acredita que o quadro pode se reverter se houver um estímulo no País na área de tecnologia e inovação. “Vamos fixá-los aqui quando oferecermos oportunidades. Precisamos deles para gerar inovação”.


Empresas pagam para fazer parte


No PqTec de São José dos Campos, 165 empresas interagem entre si e com as instituições de ensino parceiras. São empresas ligadas ao setor aeroespacial e a segmentos como os de saúde, automotivo, educacional e de energia. “Estamos abertos a qualquer segmento que tenha interesse em se conectar, trocar experiências, bus-car soluções”, diz Elso Alberti Júnior, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Associação Parque Tecnológico de São José dos Campos, a organização social que faz a gestão do parque.


Ele explica que o impulso maior para a criação do PqTec ocorreu no final dos anos 90, quando começava um processo de estagnação da economia local. “O governo municipal sentiu necessidade de ir buscar um novo segmento de desenvolvimento econômico.”


O que oferece


Empresas que querem se associação ao PqTec precisam pagar. “Aqui não tem nada de graça. Tudo custa. Coisas de graça perdem um pouco o valor”, diz Elso. O parque tem uma plataforma com um roteiro do empreendedorismo, que faz o passo a passo de quem chega com uma ideia inicial e precisa desenvolvê-la. Ele a encaminha para financiadores e para as mentorias para que cresçam.


“Quando atores com DNA diferentes se encontram, ocorre a conectividade, negócios são gerados. Um parque tecnológico não é só um prédio. É preciso ter gente. Uns inspiram os outros. Se a região de Santos tem pessoas mais velhas, veja quantos serviços inovadores podem surgir para esse público (Alberto Marques Filho - Secretário de Inovação e Desenvolvimento Econômico de São José dos Campos)”


Desse ambiente de mentoria fazem parte especialistas contratados, empresas que foram incubadas e agora oferecem suas soluções, estudantes e professores das instituições educacionais parceiras.


Política pública


Elso explica, também, que o PqTec não é uma empresa para dar lucro, mas parte de “uma política pública que tem por finalidade de fomentar o desenvolvimento da região”.


Como exemplo, cita: “Nessas empresas que frequentam o parque, o salário médio é de R$ 6,5 mil. São 2 mil pessoas, o que dá R$ 13 milhões por mês movimentados na economia local”.


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