Pandemia provoca retrocesso no ensino público de toda Baixada Santista

Os maiores danos foram registrados em Matemática. Estado diz que recuperar os prejuízos levará anos

Por: Tatiane Calixto  -  28/04/21  -  12:22
    O Governo calcula que serão necessários 11 anos para recuperar os prejuízos
O Governo calcula que serão necessários 11 anos para recuperar os prejuízos   Foto: Unsplash

A Secretaria de Educação do Estado divulgou nesta terça (27) os resultados de um estudo para mensurar os impactos da pandemia no aprendizado dos estudantes da rede estadual. Segundo o levantamento, os maiores prejuízos foram registrados em Matemática entre os alunos do 5º ano. O desempenho verificado se assemelha ao que a rede tinha em 2007 nessa mesma etapa. O Governo calcula que serão necessários 11 anos para recuperar os prejuízos.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Os números foram apresentados durante entrevista coletiva do secretário Rossieli Soares. Ele explicou que a prova tem os mesmos moldes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e, por isso, é comparável a edições anteriores do exame.


A prova foi aplicada, por amostra, pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF) a estudantes dos 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio. A diferença é que o Saeb é aplicado no final do ano letivo, e essa prova foi realizada pelos alunos no início.


Dados


As maiores diferenças na escala de proficiência foram verificadas em Matemática, no 5º ano do Ensino Fundamental. Nesta etapa, os estudantes apresentaram 47 pontos a menos do que o resultado do Saeb 2019, o que representa, conforme o estudo, uma queda de 19% na aprendizagem. Em Língua Portuguesa, foram 29 pontos a menos, ou redução de 13%.


No 9º ano do Fundamental e no 3º do Médio, a situação foi melhor. Ainda assim, houve perda no aprendizado (veja infográfico). “A diferença (dos resultados) nos anos iniciais e finais é grande e tem a ver com a autonomia dos alunos”, avaliou Rossieli, justificando também o impacto menor na aprendizagem dos estudantes mais velhos no ensino Médio.


Para Lina Kátia, vice-presidente da Associação Brasileira de Avaliação da Educação e coordenadora do CAEd, a educação, na disciplina de Matemática, sempre foi um desafio no País e que vem ganhando contornos ainda mais desafiadores durante a pandemia.


“No 5º ano, esse resultado, lamentavelmente, mostra que os alunos conseguem resolver apenas problemas bem elementares. Não conseguem, por exemplo, entender dados apresentados em uma tabela ou comparar um gráfico pequeno, habilidades essenciais para seguir os estudos”, destaca.


“Temos muito o que crescer na pandemia e, sem as escolas abertas, é impossível”, repetiu Soares, várias vezes, durante a apresentação. “Diante desses dados, temos a convicção da importância do retorno às aulas para contribuir no processo de retomada de aprendizagem dos nossos alunos e para reduzir, aos poucos, todos os impactos causados, e já previstos, pelo distanciamento social”, salienta o secretário.


Clique aqui e confira os gráficos do desempenho no ensino


Aula presencial deve retornar mesmo sem vacina


Para Soares, os dados reforçam a necessidade de uma retomada presencial das aulas que, diz ele, não pode estar atrelada à vacinação total dos profissionais da Educação. Rossieli Soares se disse aberto para dialogar com os sindicatos sobre formas seguras para essa retomada.


Além da volta às aulas presenciais, outras medidas para recuperar essa defasagem foram anunciadas. Entre elas, a possibilidade de escolas que atendem anos iniciais aderirem ao Programa de Ensino Integral (PEI). Antes, o PEI tinha foco o Ensino Médio, nos últimos anos, passou a atender períodos finais do nível Fundamental.


As escolas que participam do programa vêm registrando dados positivos nas avaliações de aprendizagem nos últimos anos. Em 2019, no Estado, 33 das primeiras colocadas no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de Ensino Médio eram PEIs e, das dez primeiras no Fundamental, nove faziam parte do programa.


Soares também declarou que o Estado trabalha em adaptar currículo e de materiais didáticos, formar de professores, melhorar o Centro de Mídia e aplicar mais avaliações. Ele citou o programa Projeto de Reforço e Recuperação (PRR), que consiste na atribuição de aulas para professores de Língua Portuguesa e Matemática. A ideia é que eles atuem em sala de aula com um docente regente dando apoio ao ensino mais personalizado. Hoje, são 2.261 professores atuando com recuperação, e 10 mil poderão ser contratados, cita o Estado.


Outra medida é ampliar a carga horária de alunos do 6º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio das escolas regulares por meio de conteúdos do Centro de Mídias da Educação de São Paulo (CMSP) e da orientação de estudos com um professor, duas vezes por semana, por meio chat desse centro, reforçando o ensino híbrido.


Logo A Tribuna