Número de pombos na Baixada Santista cai por conta da pandemia

Em 2019, duas pessoas morreram de criptococose em Santos. A doença é causada pelas fezes secas da ave

Por: Nathália de Alcantara  -  03/09/21  -  07:27
 A pesquisa foi realizada em 102 pontos das cidades
A pesquisa foi realizada em 102 pontos das cidades   Foto: Pixabay

Caiu 4,5% a quantidade de pombos em Santos e São Vicente. A população, estimada em 220 mil em 2019, antes da pandemia, agora está em 210 mil. O estudo foi realizado pelo veterinário e pesquisador Eduardo Filetti juntamente com alunos de Ciências Biológicas da Universidade Santa Cecília (Unisanta).


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Na prática, significa que a covid-19 mudou, inclusive, a rotina e a reprodução desses animais. A pesquisa foi realizada em 102 pontos das cidades, entre fevereiro e agosto deste ano. Ao todo, foram reunidas 408 amostras de fezes, que foram coletadas após a alimentação das aves.


“Com a pandemia, caiu a quantidade de alimento disponível para os pombos. As pessoas não saíam às ruas e, assim, não havia mais restos de alimentos para eles, assim como ninguém para alimentá-los. Sobrou apenas o farelo do Porto, que não é suficiente para todos eles”, explica Filetti.


Apesar disso, os animais não teriam morrido, explica ele. O que acontece é que eles se reproduzem menos. “A falta de alimento afeta diretamente a capacidade reprodutiva deles. Uma fêmea coloca de dois a três ovos por vez e pode fazer isso até três vezes por ano”, explica o veterinário.


Outra mudança tem a ver com a alimentação atual dos animais. Por causa da pandemia, eles substituíram os restos de legumes, frutas e verduras por lixo e fezes de seres humanos,


“Observamos nas fezes desses animais agentes naturais do intestino dos seres humanos, o que teria acontecido por causa do aumento do número de moradores de rua, por exemplo.”


Menos pombos


Apesar da redução no número de pombos, Filetti diz que ainda existe um excesso dessas aves.


“Seria necessário algo em torno de 80 mil pombos para Santos e 60 mil para São Vicente. Esses seriam números ideiais, lembrando que o pombo também é um animal importante (ao equilíbrio ecológico)”.


Riscos


Em 2019, duas pessoas morreram de criptococose, a chamada meningite fúngica, em Santos. A doença é causada pelas fezes secas do animal. Segundo Filetti, o risco da doença ainda existe, mas, com menos aves, essa possibilidade também é reduzida.

(clique aqui e veja mais sobre a doença causada pelos pombos)


“Recomendo que, para limpar as fezes desses animais, as pessoas procurarem pessoal especializado. Caso contrário, que usem material de proteção e molhe as fezes antes da limpeza. Usar máscara, luvas e óculos é algo fundamental”, diz o veterinário.


Sobre os perigos da doença, o pesquisador acalma a população, ponderando que a criptococose é rara.


“Hoje, perdemos mais de 6 mil pessoas só na região para a covid-19. Em 2019, tivemos dois casos de mortes em toda a Baixada Santista causados pela meningite fúngica. A doença é rara, mas é preciso tomar os cuidados.”


Quem concorda com ele é o infectologista Eduardo Santos. “A doença também costuma se instalar com a imunidade baixa, apesar de todos estarem vulneráveis a isso. Quanto mais rápido se identificar a doença, maiores as chances de cura.”


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