Na Baixada Santista, 6 mil trabalhadores de condomínios não param por coronavírus

Exército de zeladores, faxineiros e porteiros arregaça as mangas; cuidados foram redobrados e a atenção com cada morador, também

Por: Nathália de Alcantara  -  09/04/20  -  00:58
Faxineiro Jurailton Mathias Santos, de 52 anos, teve a rotina mudada com a quarentena
Faxineiro Jurailton Mathias Santos, de 52 anos, teve a rotina mudada com a quarentena   Foto: Matheus Tagé/AT

Nos condomínios da Baixada Santista, há um exército de funcionários que não param, mesmo nesses tempos de pandemia de coronavírus. São zeladores, porteiros e faxineiros que trabalham incansavelmente em suas funções, além de ajudarem muita gente que não pode sair de casa. 


O presidente do Sindicato dos Empregados em Edifícios, José Maria Félix, diz que são aproximadamente 6 mil trabalhadores com a mão na massa na região.


“Hoje, essas funções são mais importantes do que nunca. É feito um revezamento nos horários, mas todos estão trabalhando”.


Segundo ele, muitos estão usando máscaras e luvas para redobrar a segurança. “Em vários prédios, os funcionários têm ajudado idosos, como na hora de fazer compras e ao receber os deliverys”.


Zelador Ronaldo Lopes dos Santos, de 55 anos, conta que as entregas passaram de cerca de 10 para 50 por dia
Zelador Ronaldo Lopes dos Santos, de 55 anos, conta que as entregas passaram de cerca de 10 para 50 por dia   Foto: Matheus Tagé/AT

O zelador Ronaldo Lopes dos Santos, de 55 anos, conta que as entregas passaram de cerca de 10 para 50 por dia, incluindo restaurantes e farmácias.


“Eu que recebo todas as entregas. Os moradores descem e pegam comigo aqui embaixo. Eu recebo a embalagem e lavo as mãos”.


Ele, que trabalha há 25 anos em um prédio com 90 moradores no José Menino, em Santos, diz que também usa máscara e luvas, além de ter redobrado os cuidados com a higiene.


“Também manobro os carros e lavo as mãos sempre que faço isso ou recebo as chaves de algum morador”, conta Ronaldo.


Quem também teve a rotina mudada foi o faxineiro Jurailton Mathias Santos, de 52 anos. Ele brinca que é o faz tudo de um prédio já faz 25 anos.


“Limpo mais vezes a portaria, o elevador, as botoeiras e tem também o cuidado com o uso diário de álcool em gel”.


Ele conta que as luvas já fazem parte de sua função na área da limpeza. Mas, uma mudança brusca no dia a dia do trabalho, é quase não ver mais os moradores dos 21 apartamentos ocupados nesse prédio do José Menino. Todos estão isolados dentro de casa.


Idosos


“Os idosos colocam o lixo no elevador e eu pego lá embaixo. A maioria pede muita entrega. Muda a rotina, porque os cuidados redobraram. Além de cuidar do bem-estar das pessoas, a gente tem de ver o nosso lado, a nossa segurança”, explica o faxineiro.


Zelador Daniel Rodrigues da Silva, de 64 anos, tem trabalhado todo paramentado para exercer a função com segurança
Zelador Daniel Rodrigues da Silva, de 64 anos, tem trabalhado todo paramentado para exercer a função com segurança   Foto: Matheus Tagé/AT

O zelador Daniel Rodrigues da Silva, de 64 anos, tem trabalhado todo paramentado para exercer a função com segurança. Já são 29 anos em um prédio no Campo Grande, mas é a primeira vez que vive algo dessa dimensão de cuidados.


“São 54 apartamentos e duas lojas. Usamos máscaras e luvas. Tem álcool em gel na entrada social para que todos possam usar. Um cuidado que tenho é entrar em contato com os moradores idosos pedindo para que deixem o lixo na porta. Antes, eles mesmos levavam na garagem. Hoje, a gente passa nos corredores e pega para eles”.


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