Mortes crescem na Baixada Santista e médicos defendem ampliação de lockdown: 'Momento exige'

Média móvel de óbitos por coronavírus na região chegou a 24 por dia, 33,3% a mais que a semana anter

Por: Maurício Martins  -  31/03/21  -  08:20
Áreas comerciais estão desertas com o fechamento, mas medidas rígidas ainda não tiveram efeito
Áreas comerciais estão desertas com o fechamento, mas medidas rígidas ainda não tiveram efeito   Foto: Foto: Alexsander Ferraz/AT

A média móvel de mortes por coronavírus nas nove cidades da Baixada Santista aumentou 33,3% no período de 24 de março até esta terça (30), em relação à semana anterior. Para infectologistas ouvidos por A Tribuna, o lockdown deve ser ampliado para tentar diminuir as contaminações, internações e óbitos.


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Na última semana foram 24 óbitos por dia em média, contra 18 mortes diárias entre os dias 17 e 23 de março. Ou seja, há forte tendência de alta nas mortes, maior do que a verificada na semana passada, quando aumentou de 15 para 18 (20%). O levantamento tem como base em dados divulgados diariamente pelas prefeituras.


Já o total de novos casos confirmados na região cresceu 7,7%, atingindo 389 registros por dia (2.721 na semana), contra 361 na semana anterior (total de 2.530). O índice representa estabilidade (variações de até 15% para mais ou menos).


Prorrogação do lockdown


O índice de isolamento registrado na segunda-feira (29) nas cidades da Baixada Santista ainda está longe do ideal, que seria mais de 70% ou, pelo menos, superior a 60%. O maior índice foi de Bertioga, com 56%. Depois ficaram Itanhaém e Peruíbe (ambos com 49%), Praia Grande (47%), Mongaguá e São Vicente (com 46%), Cubatão e Guarujá (45%) e Santos (42%). No Estado, ficou em 44%. Os dados são do Governo Estadual, monitorados por meio de antes de telefonia celular.


O Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb) se reúne virtualmente na tarde desta quarta (31) para definir se haverá ou não prorrogação do lockdown na região. Os prefeitos das nove cidades devem participar.


Para especialistas, a medida mais rigorosa deve ser ampliada. O infectologista Evaldo Stanislau afirma que uma semana é pouco tempo para que os resultados apareçam. “Esperamos perceber em mais uma ou duas semanas se a restrição - que não é um lockdown, porque não foi tão severo assim – teve sucesso. A demanda continua enorme nos pronto atendimentos e ambulatórios, cada vez mais gente infectada e muitos pacientes graves precisando de UTI”, diz ele.


Stanislau acredita que com o cenário atual de demanda por leitos, alta circulação do vírus e a adesão insuficiente das pessoas ao isolamento, a restrição deve ser ampliada. “O resultado depende diretamente das pessoas. Se obedecerem, será mais efetivo. Se fizerem o contrário, mais tempo vai demorar. Está nas mãos das pessoas. Quanto mais gente aderir, mais cedo reabre a economia e volta ao normal”.


O infectologista Leonardo Weissmann ressalta o caos sanitário, com 100% de UTIs ocupadas em várias cidades da região. “É compreensível que as pessoas estejam cansadas das restrições e com medo da situação econômica. Porém, o momento exige que a população permaneça em casa o máximo possível e só saia quando extremamente necessário”.


Para ele, é preciso maior colaboração para aumentar o isolamento. “Para começarmos a ver resultados, as medidas de restrição (lockdown) devem ser prorrogadas por mais duas semanas, pelo menos. Os números atuais refletem a dinâmica de 14 dias atrás”.


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