Médicos residentes ameaçam parar e cobram bolsa na Baixada Santista
Movimento foi convocado pelo Fórum Nacional de Residentes em Saúde por conta do não pagamento da bolsa-salário de R$ 3,3 mil, devida pelo Ministério da Saúde
Atualizado em 24/04/20 - 11:09
Cerca de 80 profissionais que cumprem residência na área da Saúde e trabalham na Baixada Santista devem aderir à paralisação nacional da categoria, marcada para esta sexta-feira (24). O movimento foi convocado pelo Fórum Nacional de Residentes em Saúde por conta do não pagamento da bolsa-salário de R$ 3,3 mil, devida pelo Ministério da Saúde.
O pagamento não foi feito desde que esses profissionais começaram a trabalhar, em 2 de março. Em Santos, onde há o depósito de um auxílio extra de cerca de R$ 4 mil aos médicos residentes, também houve atraso.
Hoje, há aproximadamente nove mil residentes com bolsas pagas pelo Ministério da Saúde no Brasil, entre médicos, enfermeiros, nutricionistas, dentistas e psicólogos, entre outros. Segundo esses profissionais, o programa exige dedicação exclusiva.
Uma enfermeira que prefere não se identificar conta que só foi ao serviço nas últimas semanas graças ao vale-transporte do noivo. “Não consegui pagar as contas que eram de minha responsabilidade em casa”, explicou ela, que esperava desde o dia 1º de abril pelo pagamento e só viu o dinheiro cair na conta no fim da tarde de ontem.
Já uma residente multidisciplinar que veio da Capital para trabalhar em Santos e fica no anonimato por medo de represálias diz que o atraso na bolsa a fez pagar uma fatura de cartão de crédito com outro cartão. Até a noite de ontem, o dinheiro não havia sido depositado.
“Divido o aluguel de um imóvel com outra moradora e mexi em uma reserva para pagar essa despesa e custear o transporte. Por sorte, a menina com quem moro é compreensiva e está arcando sozinha com todos os outros gastos, como gás, produtos de limpeza e contas de luz e internet”.