Médicos peritos na Baixada Santista aderem à greve nacional do INSS

Paralisação em Santos e São Vicente altera atendimento na região

Por: Júnior Batista  -  01/04/22  -  08:20
Atualizado em 01/04/22 - 14:54
Segurados que buscaram atendimento tiveram que remarcar o agendamento
Segurados que buscaram atendimento tiveram que remarcar o agendamento   Foto: Alexsander Ferraz/AT

A greve nacional dos médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), iniciada na quarta-feira, altera o atendimento na região. Há paralisação, pelo menos, em Santos e São Vicente. Entretanto, a expectativa do Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado de São Paulo (Sinssp) é de que haja mais adesões. Caso o segurado tenha perícia nesses dias, a orientação é remarcá-la.


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Em Santos, dos 14 peritos, 12 estão na ativa e todos cruzaram os braços. A Tribuna apurou que, em São Vicente, nove dos dez aderiram à paralisação. No País, a adesão é de 85%, segundo a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP).


A situação é dramática para a dona de casa Daiana Pimentel, de 36 anos, que esperou seis meses. Segundo ela, o marido tem insuficiência cardíaca e não pode mais trabalhar. Ambos têm três filhos e sobrevivem de “Bolsa Família” (atual Auxílio Brasil), no Morro da Vila Baiana, em Guarujá.


“Ele não pode mais trabalhar. Estávamos aguardando essa perícia desde setembro do ano passado, estamos com todos os exames”, diz ela, que busca uma aposentadoria. Para isso, necessita da perícia médica.


“É um absurdo, isso. Faço bicos de doméstica durante a semana, mas não é suficiente”, diz.


Quem também estava na fila e soube da greve foi Marcelo Dias Andrade, de 39 anos. Ele tem uma filha de 11 anos em tratamento de um câncer renal. Ele vive na casa de parentes na Capital, onde a menina se trata, e, há mais de um ano, tenta conseguir um Benefício de Prestação Continuada, de um salário mínimo mensal (R$ 1.212,00, atualmente).


O INSS não respondeu à Reportagem sobre as agências atingidas pela greve na região e orientações aos segurados. Mas ontem, ao jornal Folha de S.Paulo, o órgão orientou beneficiários a remarcar exames periciais. A data do pagamento do benefício fica mantida no primeiro dia agendado, independentemente do atendimento. A remarcação pode ser nas agências do INSS, pelo telefone 135 (das 7 às 22 horas), pelo site ou pelo aplicativo Meu INSS.


A advogada especialista Taiene Garcia, especialista em Direito Previdenciário e do Trabalho, afirma que o beneficiário deve ir à perícia no dia e na hora marcados, ainda que para agendar nova data. Isso ocorre porque a adesão à greve não é total e há agências funcionando.


“Contudo, no dia agendado, caso o médico perito tenha aderido ao movimento grevista, o periciando deve registrar o ocorrido (pedir protocolo ou documento) e, daí, será necessário um novo agendamento”, orienta.


A greve

A paralisação começou na quarta-feira e não tem data para acabar. A Reportagem apurou que há uma reunião entre os peritos marcada para a próxima terça-feira, que pode definir os rumos da greve.


Os servidores pedem recomposição salarial de quase 20% para repor três anos de inflação, melhoria no plano de carreira e concurso para contratação de profissionais. Eles também pedem o fim da teleperícia, feita on-line.


A ANMP afirmou, por nota que, o movimento foi instaurado “única e exclusivamente em virtude da postura completamente omissa e desrespeitosa adotada por parte do Governo Federal, na pessoa do (então) ministro Onyx Lorenzoni”, quanto às reivindicações.


Segundo a associação que representa os peritos médicos, eles foram surpreendidos pela ruptura do acordo firmado com o Governo, após mais de dois meses de negociação.


Atualmente, há cerca de 3,2 mil peritos no País. A defasagem é de 3 mil, segundo a ANMP. Ainda de acordo com a associação, cerca de 25 mil pessoas terão que reagendar perícias em nível nacional. Por mês, o INSS faz 500 mil avaliações.


A greve faz parte de uma paralisação nacional do INSS. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado (Sinssp), Pedro Totti, 75% dos trabalhadores estão trabalhando em home office (a distância). “Estamos orientando os trabalhadores e não acessarem o sistema”, diz.


Aqueles que têm atendimento agendado estão sendo orientados a reagendar os serviços. Totti compara que, há cinco anos, havia 38 mil trabalhadores. Agora, o número caiu à metade, o que paralisou 2 milhões de benefícios por não haver quem os analise.


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