Médicos fazem apelo contra campanha antivacina e reafirmam necessidade da 2ª dose no litoral de SP

Mesmo quem já teve Covid-19 precisa completar a imunização. Desinformação nas redes sociais preocupa especialistas

Por: Nathália de Alcantara  -  28/05/21  -  06:56
     Vacinação contra a covid-19 em pessoas de 40 anos ou mais, com comorbidades, começou nesta quinta (27)
Vacinação contra a covid-19 em pessoas de 40 anos ou mais, com comorbidades, começou nesta quinta (27)   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Todos devem tomar as duas doses da vacina contra a covid-19, sem exceção. O apelo é feito por infectologistas ouvidos por A Tribuna, diante de diversos vídeos e mensagens que estão circulando nas redes sociais, alguns inclusive de autoria de médicos, defendendo a tese de que pessoas que já foram infectadas pela doença não precisam ser imunizadas.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Um estudo recente publicado no periódico científico The Lancet conclui que estar infectado com o coronavírus oferece tanta proteção quanto uma única dose da vacina. Ou seja, isso significa que muitos pacientes precisariam apenas de uma das duas doses exigidas por vários fabricantes.


A ideia seria economizar vacinas e destinar os imunizantes para outras faixas etárias, a fim de agilizar o processo.

CLIQUE E VEJA AS PRINCIPAIS DÚVIDAS SOBRE IMUNIZAÇÃO


O detalhe é que, na prática, a situação é muito mais complicada. “Esse estudo pode até ter algum sentido, mas precisa de mais trabalhos e estudos. Também deve acontecer uma aprovação por parte de organizações nacionais e internacionais de saúde”, diz o infectologista Eduardo Santos.


Por isso, explica ele, sem qualquer mudança oficial na orientação sobre a vacinação, é importante tomar as duas doses assim que for possível. “O que tem acontecido é que as pessoas vão repassando as mensagens sem checar ou entender o contexto dessas informações. É como as fake news. Esse é mais um fator que atrapalha todo o processo de imunização do País”.


Quem concorda com ele é o infectologista Jacyr Pasternak, médico do Hospital Israelita Albert Einstein. “Uma dose não protege o suficiente, apesar dessas evidências apresentadas. Ainda não tem nada cravado sobre o assunto, apesar de parecer que tem lógica”.


De acordo com o especialista, é necessário que o assunto seja definido antes que alguma mudança aconteça na prática. “Enquanto isso, todos devem tomar a segunda dose, porque é o mais seguro a se fazer. Vamos tomar a segunda dose, pelo amor de Deus e por favor”.


Jacyr diz que a vacina é a maneira mais completa, eficiente e segura neste momento. “Ainda não se sabe por quanto tempo a pessoa que pegou o coronavírus terá essa proteção. A vacina já garante uma confiança muito maior”.


Segundo o infectologista Evaldo Stanislau, realmente existem trabalhos nesse sentido. “O grupo de quem que teve covid-19 após a primeira dose da vacina atinge uma imunidade maior”.


Mesmo assim, ele alerta que não é para tomar apenas uma dose. “Todos devem tomar as duas doses. Com a primeira, desenvolve-se alguma proteção. Na segunda, a pessoa estará mais protegida”.


Não esquecer


Além de tudo isso, outros hábitos não podem cair no esquecimento: o uso de máscara, e praticar o isolamento social e a higiene das mãos com água e sabão ou álcool em gel.


“A vacina diminui os riscos de internação, intubação e morte, mas o risco existe. Outra questão é que, quem está imunizado, pode pegar a doença e transmiti-la para outras pessoas, mesmo sem apresentar sintomas”, lembra o infectologista Jacyr Pasternak.


Logo A Tribuna