Máscaras e álcool em gel somem de lojas e farmácias de Santos

Avanço do coronavírus no mundo e casos suspeitos na região aumentaram procura pelos produtos

Por: Tatiane Calixto  -  28/02/20  -  14:25
São Vicente recebe doações de insumos para profissionais da saúde
São Vicente recebe doações de insumos para profissionais da saúde   Foto: Matheus Tagé

O avanço do coronavírus pelo mundo, a confirmação do primeiro caso no Brasil e as suspeitas da doença na Baixada Santista fizeram com que máscaras e frascos de álcool em gel sumissem de algumas lojas e farmácias de Santos.


Na tarde desta quinta-feira (27), A Tribuna percorreu estabelecimentos especializados em busca dos itens. Em alguns, todo o estoque já havia sido vendido.


“Nos últimos dias, aumentou muito a procura. Hoje, não temos máscaras e nem álcool em gel”, conta Auro Moraes, que trabalha como técnico de Farmácia em uma drogaria de Santos.


No caso do álcool em gel, afirma ele, os fornecedores não deram previsão para que o estoque seja reposto. “As pessoas ligam perguntando quando vai chegar, mas a gente não sabe”.


Em outra farmácia, só havia disponíveis frascos de 420 gramas. Os menores, ideais para levar dentro de bolsas e mochilas, já estavam esgotados. 


Em alguns estabelecimentos, falta álcool em gel
Em alguns estabelecimentos, falta álcool em gel   Foto: Matheus Tagé

Eliane Borges, proprietária de uma loja de produtos hospitalares na cidade, está assustada com a procura. Nesta quinta, ela não tinha máscaras disponíveis além da exposta no manequim. “Houve um boom na procura. Estamos com problemas no abastecimento".


Ela explica que recebeu a última proposta de um fornecedor com um preço 12 vezes mais alto do que o normal. “Além disso, o pagamento, que eu podia parcelar, terá que ser feito à vista. Eu tomei um susto”. 


Josemilson Borges, proprietário de outra loja de artigos hospitalares em Santos, está sem máscaras e álcool em gel. Ele afirma que, conforme alguns distribuidores, é possível, inclusive, faltar matéria-prima. “Estou aqui há 38 anos e nunca vivi uma procura como essa. Acho que é porque ainda não se conhece muito sobre a doença”.


Conforme Sergio Mena Barreto, CEO da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), várias redes informaram que estão com estoques de máscaras zerados ou dificuldade de conseguir o item para a venda.


“Ninguém se planejou para essa demanda, até porque, 30 dias atrás, ela já tinha aumentado e os distribuidores não tinham para entrega. Como o insumo delas é chinês, e o governo chinês restringiu a saída, está em falta. Mas o álcool em gel é uma falta pontual, porque tem produção nacional”.


Cuidados 


De acordo com o médico Alexandre Piva Sobrinho, professor de Infectologia da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), para prevenir a doença, deve-se lavar frequentemente as mãos com água e sabão por, no mínimo, 20 segundos.


Quando não houver sujeira, a utilização de álcool em gel é recomendável. Também é importante cobrir a boca e nariz ao tossir e espirrar utilizando lenço descartável ou o antebraço, evitando, assim, usar as mãos. Elas, ao tocarem em objetos, podem espalhar o vírus. 


Em um comunicado divulgado na última quarta-feira, a Sociedade Brasileira de Infectologia explica que, neste momento, não há indicação do uso contínuo de máscara. Nem cirúrgica nem N95. Porém, as medidas gerais para prevenir a disseminação de vírus respiratórios devem ser seguidas. 


Ainda segundo a nota, o uso de máscara cirúrgica é recomendado para pacientes com suspeita da doença, profissionais da saúde responsáveis pelo atendimento de casos suspeitos ou confirmados ou pessoas que convivem com esses casos.


Profissionais de apoio (limpeza, manutenção, nutrição e outros), além de recepcionistas, vigilantes ou outros que atuem no acolhimento dos pacientes no serviço de saúde, devem utilizar máscaras cirúrgicas.


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