Jovens superam dificuldades na área de formação para empreender com sucesso no litoral de SP

Apesar de formados em engenharia e oceanografia, eles encontraram a felicidade no e-commerce e com uma doceria

Por: Isabelly Oliveira  -  21/03/22  -  10:04
Atualizado em 21/03/22 - 10:42
Sem sucesso em formação superior, Bruno e Sandy decidiram abrir o próprio negócio
Sem sucesso em formação superior, Bruno e Sandy decidiram abrir o próprio negócio   Foto: Divulgação/ Arquivo pessoal

Dois jovens, duas histórias de superação em meio às dificuldades de encontrar trabalho na área de formação. E o sucesso veio, mas em setores antes não imaginados por eles. O engenheiro mecânico Bruno Soares de Miranda, de 26 anos, hoje vive de e-commerce e presta consultorias ao Mercado Livre, enquanto Sandy Ellen da Silva Cavalcante, de 28, deixou a área de oceanografia para empreender com uma doceria.


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Bruno, que mora em Praia Grande, lembra ter começado a faculdade em 2013 com o objetivo de conseguir um emprego no Polo Industrial de Cubatão. Em meados de 2016, diante de uma crise no setor de formação, começou a encontrar dificuldades para arranjar um estágio e, consequentemente, para pagar faculdade.


A princípio, a saída, segundo ele, foi trabalhar como motorista de aplicativo para levantar um dinheiro extra e poder arcar com as contas. Durante esse tempo, floresceu dentro dele a vontade de empreender e ganhar mais dinheiro.


O caminho observado pelo jovem para dar o próximo passo na direção do novo objetivo foi vender relógios pela internet. Antes disso, porém, ele conta ter estudado sobre comércio virtual, o e-commerce, pensado em um diferencial para o negócio e só então apostou suas fichas – no caso, o dinheiro que tinha.


Bruno se formando na faculdade de Engenharia Mecânica
Bruno se formando na faculdade de Engenharia Mecânica   Foto: Divulgação/ Arquivo pessoal

“Vendia o que todos vendiam, mas queria fazer algo que ninguém tinha feito para emplacar no mercado. Tive a ideia de que a cada ‘smart watche’ (relógio digital, inteligente) vendido, daria duas pulseiras de brinde para meus clientes. Foi algo simples, mas, com isso, vendi 55 mil relógios. Foi a partir dessa ideia que comprei minha casa. Foi onde tudo começou”, afirma.


Bruno conta que as vendas aumentaram significativamente e, como consequência, o empresário ampliou os negócios. Atualmente, ele tem quatro empresas e-commerce: duas de eletrônicos, uma de perfumes importados e outra de departamentos. De quebra, ainda se tornou consultor do Mercado do Livre.


“Mudei de profissão por necessidade. Não me arrependendo do curso que fiz, mas hoje vejo que não ter encontrado espaço em minha área de formação foi a melhor coisa que me aconteceu. A minha vida e da minha família mudaram completamente”, diz o empreendedor.


Sandy Ellen se formando em Oceanografia
Sandy Ellen se formando em Oceanografia   Foto: Divulgação/ Arquivo pessoal

Doceria

Sandy Ellen da Silva Cavalcante mora em Cubatão e, assim como Bruno, mudou completamente de área. Deixou a oceanografia para fazer doces. Diferentemente do empresário, ela até conseguiu realizar estágios na área de estudo, mas como o salário era baixo, conta ter sofrido pressão familiar para buscar outra fonte de renda.


A jovem de 28 anos, conta que aos 16 se interessou pela área do meio ambiente e, por conta disso, fez o curso de Noções de Oceanografia na Universidade de São Paulo (USP).


Nesse período, ela estagiou em um Parque Ecológico pela Secretária de Meio Ambiente de Cubatão. Entretanto, precisou deixar o trabalho pela questão financeira. “Precisava pagar minha faculdade, mas todos os dias (sem estar na área de formação) eu me via infeliz”, afirma.


Sandy começou a vender cones de chocolate na faculdade para pagar pelo curso. O trabalho, porém, não a orgulhava. Não queria ser doceira. “Tinha preconceito com quem fazia doces. Na minha cabeça, as doceiras não tinham estudo. Tive que fazer terapia e acompanhamento psicológico para aceitar que a nova profissão seria uma chave em minha vida”, explica a microempresária.


Após concluir o Ensino Superior, a oceanógrafa, decidiu seguir com a carreira de doceira. Hoje, Sandy entende foi a melhor decisão que tomou na sua vida. Ela abriu uma loja física onde vende bolos e doces.


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