Jovem de Praia Grande perde perna para superbactéria pós-acidente e pede ajuda para pagar prótese

Alexandre Braga, de 22 anos, teve seus planos mudados após amputação; ele alega negligência do Hospital Irmã Dulce

Por: Nathália de Alcantara  -  26/09/21  -  07:32
Atualizado em 26/09/21 - 07:48
 Controlador de acesso está afastado do trabalho e recebe salário 50% menor. Porém, cita apoio familiar
Controlador de acesso está afastado do trabalho e recebe salário 50% menor. Porém, cita apoio familiar   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O pensamento era chegar em casa para almoçar com a mulher Lucimara, então grávida de seis meses da primeira filha do casal, Luisa. Mas, por volta de 12h30 do dia 29 de maio de 2019, uma sexta-feira ensolarada, o controlador de acesso Alexandre Rodrigues Agrela Braga, de 22 anos, teve seus planos mudados. Na Via Expressa Sul, em Praia Grande, ele sofreu um acidente que mudaria a sua vida para sempre.


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Ele deu entrada no Hospital Irmã Dulce com o diagnóstico de fratura exposta na perna direita, mas, três meses depois, quando saiu de lá, a recomendação era de amputação — o que de fato aconteceu após um ano e dois meses de incansáveis tentativas para salvar o membro. Braga alega negligência e descaso com a sua situação.


“Eu não cheguei para aquele almoço e perdi muito mais do que a minha perna. Perdi o nascimento da minha filha e, hoje, queria estar proporcionando o melhor para ela, mas fica difícil por causa do pouco valor que recebo afastado do trabalho. São 50% a menos para arcar com aluguel, comida, as coisas para ela”, se emociona o jovem.


Do dia para a noite, da rotina ativa, de academia, trabalho e planos com a família, Alexandre passou a depender da ajuda da mulher até para tomar banho e mal saía da cama. “Ela fez cesárea, tinha de cuidar da bebê, da casa e de mim”, lembra ele.


O procedimento após o acidente seria uma cirurgia para revascularização do membro afetado, comum nesses casos. A questão é que, duas semanas depois, o jovem contraiu uma infecção hospitalar causada por uma superbactéria.


Os primeiros sintomas foram edemas e manchas escuras no local da cirurgia. Depois, veio o diagnóstico: Pseudomonas aeruginosa, uma infecção perigosa por causa do alto risco de proliferação a outros pacientes e que pode levar à morte.


“Às vezes, as enfermeiras nem sequer usavam luvas. Elas usavam a mesma bandeja para realizar os curativos de todos os pacientes. Fiquei um dia no isolamento quando descobriram a bactéria e ninguém me ouvia gritar chamando. Não levaram meu café, e fiquei sem remédio”, diz.


Apesar dos remédios que controlavam a dor, o jovem acompanhava, dia a dia, sua perna deformando. “Fui encaminhado a Guarujá, onde coloquei uma gaiola na perna e, de oito em oito horas, eu tinha de apertar com uma chave em casa para tentar salvar a perna. Foi muita luta até o diagnóstico final de amputação.”


Prótese


Para aceitar que perderia a perna, Alexandre Braga percorreu um longo caminho: conversou com pessoas amputadas, fez acompanhamento com psicólogo e pensava na filha. “Eu não sabia como viveria depois disso.”


A amputação aconteceu em 16 de junho deste ano, mas a luta estaria longe do fim. Apesar das dificuldades financeiras, o jovem conseguiu, há três semanas comprar uma prótese de R$ 43,3 mil para tentar retomar a rotina. Com rifas e vaquinha virtual, ele arrecadou R$ 19 mil.


Agora, enquanto ainda se adapta à protese, o morador do Anhanguera precisa do restante do valor em até um mês. “Eu perdi muito, mas ganhei uma pessoa que me confortou e trouxe felicidade, esperança: minha filha. Minha família me dá muita força.”


Hospital diz ter dado assistência a Braga


O advogado de Alexandre, Thyago Garcia, conta que ficou chocado com a história. “Entramos com uma ação cível indenizatória de danos morais por sofrimento ao menos agravado substancialmente por causa da bactéria, além de danos estéticos”. A expectativa é de que a sentença final saia em um ano.


Procurada pela Reportagem, a direção do Hospital Municipal Irmã Dulce informou que o paciente Alexandre Rodrigues Agrela Braga recebeu toda a assistência disponível na unidade na ocasião do atendimento.


Por meio de nota, respondeu ainda que “não pode fornecer mais detalhes sobre o caso, pois questão encontra-se judicializada. Assim, todos os esclarecimentos necessários serão oferecidos nas devidas instâncias”.


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