'Hoje abre o comércio, amanhã é cova', diz secretário de saúde de Santos
Prefeitura de Santos diz que gasta dinheiro próprio com munícipes infectados de outras cidades da Baixada Santista
“A vida não aceita flexibilizações. Não dá para flexibilizar se você não tem disponibilidade para atender o seu próprio público. Hoje abre comércio, e amanhã é cova e cemitério”.
A frase é do secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, sobre o impacto do atendimento a vicentinos na rede pública santista e a flexibilização para reabertura do comércio da cidade vizinha.
O secretário falou com A Tribuna após o prefeito de São Vicente, Pedro Gouvêa (MDB), dizer, em entrevista publica no sábado (2), que os pacientes internados em Santos não ficam em hospitais custeados pela prefeitura santista. Ferraz contesta a informação.
Segundo a Secretaria de Saúde de Santos, ontem, 21% dos pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para adultos da rede pública santista eram de São Vicente, contando Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais montados para receber casos de covid-19.
Já no Hospital Estadual Guilherme Álvaro (HGA) - que atende aos nove municípios – 82% dos pacientes que ocupavam leitos eram vicentinos.
Segundo Ferraz, apesar de recursos terem sido recebidos por Santos dos governos Estadual (R$ 5 milhões) e Federal (R$ 11 milhões) para reforço no atendimento durante a pandemia, as outras cidades também receberam apoio para investir no atendimentos aos seus munícipes.
“O SUS é um sistema único, mas a responsabilidade tem que ser de todos. Por que os outros municípios conseguiram estruturar sua rede e demandar pouco a UTI do HGA? Essa relativização de São Vicente está fazendo com que tenhamos um impacto extremamente duro em Santos e na Baixada. As pessoas de outros municípios que precisarem utilizar a rede estadual vão ter dificuldade de acesso”, disse.
Além de São Vicente, que estava com nove internados em leitos de UTI adulto no HGA ontem, Itanhaém ocupava uma vaga (9%).
Na rede municipal santista, eram 23 atendidos de Santos (70% do total), sete de São Vicente (21%), dois de Praia Grande (6%) e um de Guarujá (3) - isso desconsiderando UTI infantil (que tinha uma criança vicentina sendo atendida em Santos) e clínica geral.
Conforme o secretário, os números de outras cidades são considerados razoáveis. Ferraz diz que ainda é cedo para avaliar a flexibilização do isolamento social. “Sou totalmente contra a flexibilização neste momento”.