Grupo de Facebook vira espaço de troca de produtos por comida na Baixada Santista

Com um cenário de inflação em alta e desemprego, pessoas têm feito permutas na rede social

Por: Anderson Firmino  -  28/07/22  -  16:39
Atualizado em 28/07/22 - 18:33
Imagem da página Escambo Baixada Santista no Facebook
Imagem da página Escambo Baixada Santista no Facebook   Foto: Reprodução Facebook

A troca de objetos entre pessoas, também conhecida como escambo, era prática comum antes do surgimento da moeda. Porém, essa ação pré-histórica, que remonta a, pelo menos, 4 mil anos antes de Cristo, tem ganhado força na Baixada Santista devido ao cenário econômico conturbado, de inflação em alta. No Facebook, a página Escambo Baixada Santista incentiva a permuta de objetos ou prestação de serviços.


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A autônoma Isabel Cristina Paiva, moradora de São Paulo, recorreu à troca de objetos para ajudar a filha de 28 anos, que se mudou para Praia Grande. Ela já trocou 14 DVDs lacrados de música por mantimentos, produtos de higiene e de limpeza.


“Os DVDs estão em Praia Grande com a minha filha. Como é algo, a meu ver, sem valor para uma troca maior, achei legal que fosse por alimentos mesmo. É algo extremamente necessário para uma mulher sozinha, que vive com seis pets. Está muito difícil. Ela tem que escolher entre comer ou alimentar os bichos”, conta Isabel.


Casos assim têm se tornado comuns na plataforma. Um de seus administradores, o artista de rua Sidney Herzog, notou um crescimento desse tipo de escambo. “Tem até quem ofereça uma hora de faxina por arroz, feijão e frango. A fome está perto de nós”.


Como surgiu

Segundo ele, os tempos de busca por auxílio emergencial e de cestas básicas motivaram o escambo.


“O que era uma troca apenas de produtos, no começo, logo incorporou alimentos. Começou com as pessoas que tinham bazares e brechós beneficentes, com seus produtos, para trocar por cestas básicas e distribuir. Logo, vieram as pessoas pedindo trocas para pegar alimentos”, observa.


Mas as trocas entre interessados em produtos continuam dando o tom entre os cerca de 6,8 mil inscritos no grupo. Há regras, como nada de troca por armas ou facas ou indicar valores em produtos, numa espécie de venda disfarçada.


Além disso, quando há medicamentos envolvidos, é preciso que o interessado apresente uma receita médica. No mais, valem o bom senso e a civilidade entre os participantes.


“O grupo tem um núcleo muito ativo, de cerca de 50 pessoas, embora tenha 6,8 mil inscritos. São elas que fazem a maioria das trocas. E a comunicação salva a gente, pois existe um feedback (retorno) sobre essas trocas”, conta Herzog.


Entres as ofertas mais presentes nas trocas estão eletrodomésticos, materiais de construção, brinquedos, além de produtos para pets.


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