Gravidez na adolescência na Baixada Santista cai 27% em quatro anos

Resultado engloba as nove cidades da região

Por: Nathália de Alcantara  -  05/09/21  -  06:58
 Para especialistas e secretários de Saúde, a pandemia tem impacto direto na menor incidência de adolescentes grávidas. Em Guarujá, com queda superior à média, oferece-se implante subcutâneo de contraceptivo
Para especialistas e secretários de Saúde, a pandemia tem impacto direto na menor incidência de adolescentes grávidas. Em Guarujá, com queda superior à média, oferece-se implante subcutâneo de contraceptivo   Foto: Reprodução/Unsplash

O índice de gravidez na adolescência caiu 27% na Baixada Santista na comparação entre 2017 e 2020. A maior redução aconteceu em Guarujá: 40%. Para especialistas e secretários de Saúde ouvidos por A Tribuna, a pandemia tem impacto direto nesses dados.


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Outra situação que explica esse quadro positivo, no caso guarujaense, é o implante subcutâneo do contraceptivo feminino Implanon. Com alto poder de eficácia, o método previne a gravidez por até três anos.


O público-alvo são pessoas em situação de vulnerabilidade social. A aplicação do método acontece no Hospital Santo Amaro (em caso de pós-parto imediato) ou no Instituto da Mulher Casa Rosa (conforme os agendamentos ambulatoriais).


De 2017 até ano passado, 1.160 mulheres já receberam o Implanon na Cidade, com o maior volume registrado em 2020: 471. Para se ter uma ideia, em 2017 foram apenas 104 aplicações. Ou seja, no período, os implantes mais do que quadruplicaram.


“É uma política interessante, porque a gente previne a gravidez na adolescência fazendo com que outros problemas não tenham implicação na vida dessas meninas, como a evasão escolar”, explica a ginecologista e obstetra da rede municipal de Saúde, Adriana Machado, atual vice-prefeita de Guarujá pelo PSD.


Outras cidades
Para a secretária de Saúde de São Vicente, Michelle Santos, a quantidade de nascimentos vem caindo ano a ano e, consequentemente, na faixa etária de adolescentes. A redução na Cidade foi de 27% entre 2017 e 2020.


“É difícil afirmar o motivo, mas, em relação a 2020, podemos deduzir que a razão está na pandemia, com as pessoas circulando menos. O Município segue fazendo a sua parte, com trabalhos de conscientização e distribuição de anticoncepcionais”.


Em Praia Grande, houve redução de 26% nos partos de jovens de 13 a 19 anos entre 2017 e 2020, com queda em todas as faixas etárias.


Entre as ações realizadas em relação ao tema, destacam-se a ampliação da Estratégia da Saúde da Família, com a construção de três novas Unidades de Saúde da Família (Usafas) e a ampliação da equipe do Ceas Mulher.


“Desenvolvemos também um trabalho de detecção precoce de gestação no primeiro trimestre por parte das equipes de saúde da família. Outra ação importante tem sido o monitoramento efetivo das gestantes de alto risco por meio da central telefônica Acolhe PG”, destaca o secretário-adjunto da Secretaria de Saúde Pública de Praia Grande, José Isaias Costa Lima.


Segundo ele, também é fundamental a atuação nas escolas quanto à conscientização sobre maternidade e paternidade, por meio do programa Saúde na Escola.


Em Santos, até julho deste ano, eram 205 adolescentes grávidas com até 17 anos, 11 meses e 29 dias. No Instituto da Mulher e Gestante, onde é oferecido atendimento do pré-natal de alto risco, o acompanhamento é feito por uma equipe multiprofissional que acolhe, orienta e vê de perto a gestação.


As gestantes de 18 e 19 anos são atendidas nas policlínicas. Além disso, as unidades da Atenção Básica fazem atividades educativas mensais sobre planejamento reprodutivo, orientando sobre os métodos contraceptivos disponíveis na rede municipal. Há, ainda, ações de prevenção da gravidez na adolescência do Programa Saúde na Escola, que está sendo retomado com a volta às aulas presenciais.


Números

- 40% foi a redução no índice de adolescentes grávidas em Guarujá, o maior da Baixada Santista. Além da pandemia, a Cidade aplica contraceptivo feminino em jovens sob vulnerabilidade social;

- 205 jovens menores de 18 anos engravidaram em Santos entre janeiro e julho deste ano. A média mensal é de 29, por enquanto superior à de 2018, que era de 28 (338 ocorrências, divididas por 12 meses);

- 2.224 crianças nasceram de jovens com até 19 anos em 2017. No ano passado, foram 1.614 ou 27,4% a menos. Os números desconsideram Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe, que não enviaram dados até o fechamento.


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