Fenômeno climático 'espanta' calor no litoral de SP e deixa temperaturas abaixo do esperado

Primeiros dias de dezembro não têm sido quentes como em anos anteriores

Por: Daniel Gois  -  08/12/21  -  13:59
Temperaturas do litoral de SP têm sido afetadas pelo fenômeno La Niña
Temperaturas do litoral de SP têm sido afetadas pelo fenômeno La Niña   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Os primeiros dias de dezembro não fizeram o calor esperado nas cidades do litoral de São Paulo. Marcado pela transição da primavera para o verão, o mês costuma ter tempo quente e temperaturas acima de 30ºC. Especialistas ouvidos por A Tribuna apontam que a explicação pode estar na passagem do fenômeno La Niña, que torna o clima mais ameno no litoral.


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A La Niña se caracteriza pela redução da temperatura na superfície das águas do Oceano Pacífico, provocando efeitos distintos nas temperaturas de diversos pontos da Terra. Ele é oposto ao El Niño, marcado pelo aquecimento das águas.


O meteorologista da Defesa Civil de Santos, Franco Cassol, explica que, como a Baixada Santista é fortemente influenciada por correntes que vêm da Região Sul, o La Niña possibilitou que a região tivesse frio mais rigoroso que o normal.


"A gente teve uma primavera que não foi quente, pelo contrário. Viemos de um inverno mais rigoroso que o normal. Por conta do La Niña, a configuração favoreceu que tivéssemos um frio um pouco mais rigoroso que o normal", explica.


De acordo com o meteorologista, Santos costuma ter média de temperatura máxima na casa dos 29ºC ao longo de dezembro, mas com chances de variações causadas por chuvas ou massas de ar seco.


Nesta terça-feira (7), marcada por fortes chuvas e ventania, a temperatura ficou em torno de 23ºC. Entre quarta (8) e sexta (10), a temperatura máxima em Santos deve oscilar entre 25ºC e 27ºC, enquanto as mínimas podem variar entre 18ºC e 19ºC. Os dados são do Climatempo.


"Não quer dizer que a gente vai entrar em dezembro e vai fazer calor. Tem dias que a gente está sob influência de chuva, uma frente fria. Tudo isso deixa o tempo mais fechado e a temperatura não vai chegar nesse índice (de altas temperaturas). Pode acontecer que, mesmo chegando perto do verão, uma semana de chuva não deixe elevar a temperatura, ficando abaixo da média", ressalta Cassol.


Prolongamento
O climatologista Rodolfo Bonafim afirma que o mês de outubro foi o mais frio em 27 anos e que a Baixada Santista também registrou temperaturas amenas em novembro. Além dos impactos do fenômeno La Niña, ele alerta para o avanço das queimadas e do desmatamento no interior do Brasil.


Previsões
Cassol ressalta que as temperaturas devem subir neste fim de semana, que não tem previsão de chuva. Já Bonafim prevê um calor mais firme a partir da próxima quarta-feira (15), mas ressalta que os modelos climáticos são atualizados constantemente.


"As previsões climáticas indicam que não deve ser um verão rigoroso para o litoral. Deve ser mais quente do que o normal para o interior do Brasil, incluindo o interior de São Paulo. Para o litoral não deve ser acima da média", afirma Cassol.


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