Explodem casos de dengue e chikungunya na Baixada Santista

Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti mobilizam autoridades da região, que fazem alerta para a população

Por: Egle Cisterna  -  06/05/21  -  06:42
  Os casos de dengue quase quadruplicaram na Baixada Santista nos primeiros quatro meses deste ano
Os casos de dengue quase quadruplicaram na Baixada Santista nos primeiros quatro meses deste ano   Foto: Matheus Tagé/AT

Os casos de dengue quase quadruplicaram na Baixada Santista nos primeiros quatro meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2020, indo de 1.542 para 6 mil – alta de 289%. Além disso, a chikungunya teve uma explosão de quase 18.000% – de 10 para 1.809 casos. Médicos e profissionais da linha de frente no combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor das doenças, frisam a importância da população colaborar com as ações de prevenção.


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Em Praia Grande, a dengue disparou de um ano para outro. Se,em 2020, foram apenas 11 ocorrências de janeiro a abril, agora o Município tem 516 casos - aumento de 4.590%. Segundo a responsável pela Diretoria de Saúde Ambiental da Cidade, Maria Fernanda Gonçalves, isso já era esperado. “A cada quatro anos, ocorre um aumento dos casos de dengue. Sobre a chikungunya, é uma situação nova, pois tínhamos 100% das pessoas expostas, pois não havia casos antes”.


Maria Fernanda reforça que, desde o ano passado, a Cidade vem fazendo o trabalho de prevenção. Com a possibilidade de aumento de casos,intensificou os trabalhos e uma das medidas foi a compra de uma máquina para nebulização. “Apenas nós e Guarujá temos. Antes, apenas o polo regional do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE),que é controlado pelo Estado, fazia esse trabalho junto aos municípios”.


A máquina começou a ser utilizada em março. Com base nos dados do último boletim de chikungunya, do início de abril, o CVE do Estado distribuiu um alerta sobre o surto da doença na Baixada Santista, que já respondia por 94% das notificações e 97% das confirmações do período. Cubatão, Guarujá, Santos e São Vicente eram os municípios mais afetados.


“Foram realizadas reuniões da sala de situação regional, com participação da Secretária de Estado da Saúde,para definição de estratégias visando o enfrentamento do surto de chikungunya nessa região”,destaca um trecho do alerta estadual, lembrando que foram incrementadas as “ações de controle do vetor, como retirada de criadouros, tratamento com larvicida e nebulização”.


Observações


O infectologista Roberto Focaccia acredita que esses números podem ser ainda maiores. “A pandemia atrapalhou muita coisa, inclusive os dados apresentados pelas autoridades. Houve muita subnotificação no período, gente que, devido ao isolamento, nem procurou atendimento”.


Ele afirma que, além do combate ao Aedes por parte das prefeituras, cabe à população tomar cuidado, limpando calhas das residências e não deixando recipientes com água parada. “E é muito importante que pessoas com comorbidades e gestantes, principalmente, se protejam com icaridina (princípio ativo de alguns repelentes) nas partes expostas do corpo”.


Proliferação do mosquito é um problema sério


O Aedes aegypti é vetor de mais de 20 arbovírus (vírus transmitidos por insetos) e sua proliferação pode significar, em pouco tempo, o aparecimento de novas doenças. O alerta é do chefe do Departamento de Controle de Doenças Vetoriais de São Vicente, Fabio Lopes. Ele explica que, nos últimos cinco anos, a Cidade faz um intenso trabalho de acompanhamento da densidade larvária do Aedes.


O índice que traça uma relação de recipientes com larvas do mosquito e imóveis visitados pelos agentes não passava dos 4, mas chegou a 10,6 em janeiro deste ano. “Em algumas localidades, chegou a 17”. Vários fatores contribuem para isso, explica Lopes. Entre eles, a verticalização das cidades, potenciais criadouros espalhados e as temperaturas elevadas com pancadas de chuva.


A chefe do Departamento de Vigilância em Saúde de Santos, Ana Paula Valeiras, afirma que o problema se torna ainda mais grave porque o Aedes é extremamente adaptável. Diante disso, Santos realizará no sábado um dia D contra a dengue, com ação na Praça das Bandeiras a partir das 9h30, além da distribuição de saquinhos de sal na entrada da Cidade, para utilização nos ralos. Carros de som também vão percorrer os bairros e agentes farão visitas. “É importante que as pessoas permitam as visitas. Todos estarão uniformizados, de crachá e máscaras”.


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Dengue ou Chikungunya?


Dengue, zika e chikungunya têm um sintoma em comum: a febre. Mas, segundo a chefe do departamento de Vigilância em Saúde de Santos, Ana Paula Valeiras, há importantes diferenças. “A dengue pode apresentar manchas no corpo, dor generalizada e incômodo atrás dos olhos. Em alguns casos, também ocorre dor abdominal”.


Já a chikungunya causa, além de mal-estar, “dor extremamente forte” e inchaço nas articulações. Na zika, os sintomas são similares aos da dengue, mas brandos. O risco maior é às grávidas, já que ela pode causar microcefalia nos bebês.


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