Estupro de vulnerável cresce e preocupa na Baixada Santista

Comparação é entre o 3º Trimestre de 2019 e 2020. Feminicídios e homicídios também crescem no estado de São Paulo

Por: Daniel Gois  -  08/12/20  -  14:55
Homem de 21 anos estuprou a enteada, de 8 anos
Homem de 21 anos estuprou a enteada, de 8 anos   Foto: Divulgação

O número de estupros de pessoas consideradas vulneráveis cresceu 5,6% na Baixada Santista no 3º trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período do ano anterior. A categoria inclui vítimas menores de 14 anos de idade e pessoas em que as condições de saúde as impedem de resistir ao ato sexual. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e fazem parte de estudo do Instituto Sou da Paz.


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Entre julho e setembro deste ano, foram 132 estupros de pessoas vulneráveis registrados no Departamento da Polícia Judiciária de São Paulo Interior, o Deinter-6, contra 125 no mesmo período de 2019. O número geral de estupros também cresceu, de 169 para 173.


Para o coordenador de projetos do instituto, Leonardo Carvalho, há uma preocupação não apenas pela alta no número de registros, mas também por ser um crime com alto índice de subnotificação - quando as autoridades não recebem denúncia.


“É preciso checar se a pandemia não impactou no funcionamento das instituições”, alerta Carvalho. “Se a gente olhar para o estupro de vulnerável, um aspecto que chama atenção é o fechamento de outras instituições que podem identificar esse tipo de violência, como escolas, unidades de saúde e de assistência social”.


Por outro lado, os períodos estudados também mostraram queda em outros índices criminais. A redução mais expressiva foi no roubo de veículos (de 346 para 190), caindo 45%. Prisões em flagrante, apreensão de armas e letalidade policial caíram 3,6%, 5,1% e 40%, respectivamente


Feminicídios crescem


O estudo aponta que o estado de São Paulo registrou aumento de 15,6% no índice de feminicídios no 3º Trimestre de 2020. Neste ano, foram 104 mulheres assassinadas, contra 90 do mesmo período de 2019.


“Os dados acendem um alerta para este momento em que muitas mulheres vítimas de violência doméstica estão isoladas em casa com seus parceiros”, comenta Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz. “A violência doméstica aumentou no período da pandemia, portanto, é preciso atuar preventivamente, com ações para verificar a recorrência de chamados policiais num mesmo endereço, pois feminicídios muitas vezes ocorrem após uma sequência de violências anteriores”, afirma.


Os especialistas alertam para o comportamento gerado durante o período de quarentena em função do novo coronavírus. Segundo Leonardo Carvalho, existe um potencial de aumento “muito grande” do contato entre vítima e autor do crime.


O índice de homicídios dolosos, que estava em queda progressiva desde 2013, também cresceu no 3º Trimestre, em todo o estado paulista. Segundo o boletim do instituto, o número de casos foi de 615 para 696, registrando alta de 13,2%.


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