Estudante de São Vicente vende trufas para pagar curso de Enfermagem: 'Nasci para fazer o bem'

Amanda, de 21 anos, ficou desempregada mas não desistiu de seus objetivos; ela está no segundo ano na faculdade

Por: Jean Marcel  -  13/12/21  -  07:03
Amanda vende as trufas no Centro de São Vicente para pagar as mensalidades da universidade
Amanda vende as trufas no Centro de São Vicente para pagar as mensalidades da universidade   Foto: Arquivo Pessoal

Amanda Beatriz Oliveira Andrade tem 21 anos e mora na Cidade Náutica, em São Vicente. Ela vive com o marido Gustavo, de 20 anos, que atualmente está desempregado, assim como ela. Mas isso não atrapalha o sonho da jovem de se formar em Enfermagem e atuar salvando vidas. "Vendo trufas na rua e com isso pago meus estudos. Um dia sei que vou fazer a diferença na vida de alguém e, por isso, não desisto", diz a estudante.


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A jovem diz ter como referência a mãe, técnica de enfermagem, e que, assim como ela, sempre foi esforçada. "Comecei a fazer trufas no ensino médio para ter uma renda e conseguir minhas coisas. Fui me aperfeiçoando e, hoje, tenho até opções de sabores que eu mesma criei", explica Amanda.


Ela vende os doces no Centro de São Vicente. "Estou todos os dias na Praça Barão [do Rio Branco], na Praça do Correio e em frente ao Shopping, entre 13h e 16h30. Vendo, em média, umas 60 trufas por dia e as preferidas são, sem dúvida, as de maracujá e Oreo, um sabor que eu criei".


Fé e realização
Em 2018, ela se casou com Gustavo e, sem emprego, recorreu à fé: "Sempre coloco Deus à frente de tudo o que faço. Pedi que me ajudasse, pois meu marido foi dispensado do trabalho na pandemia", conta.


Ela estudou para o Enem, continuou a vender trufas e, em 2020, entrou na Universidade São Judas, no curso de Enfermagem, com desconto de 50% na mensalidade.


"Apesar da bolsa, o curso é muito caro para mim, e com a pandemia ficou ainda mais difícil, pois as pessoas não estavam mais nas ruas", explica. "Decidi que iria me esforçar ao máximo e as trufas teriam que ser minha fonte de renda para as necessidades de casa e para conseguir pagar a universidade", completa.


Atualmente, a jovem está no segundo ano do curso. "Sempre fui apaixonada pela área de saúde e muito determinada nas coisas que queria. Acredito que nasci para fazer o bem, cuidar de pessoas". Amanda acredita que essa descoberta tenha surgido ainda quando era criança.


"Quando eu era mais nova minha mãe fazia estágio em uma clínica de idosos. Como eu não tinha com quem ficar, às vezes ela me levava e eu ficava com a filha do dono brincando. Até aprendi a trocar curativos", explica a estudante.


Objetivo claro
Amanda contou que tem objetivos muito claros: "Tenho notas acima da média, estou dando o meu melhor, porque quero realmente fazer a diferença. Depois da graduação, quero fazer residência em São Paulo e me especializar em Cardiologia ou Urgência e Emergência. Vou me alistar para a Marinha para atuar lá e, se tudo der certo, trabalhar no SUS também".


A estudante diz que tem plena consciência de que não pode mudar o Estado da Saúde no País, mas que pode "tentar mudar a vida de cada paciente" que passar por ela. "Respeitando, dando o meu melhor, e tendo a humanidade que eu acho que todos os profissionais da Saúde devem ter. É o que sinto em meu coração", finaliza Amanda.


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