Em greve, caminhoneiros de Santos reclamam de custos: 'A situação é inviável e a gente vai quebrar'

Cerca de 50 profissionais estão de braços cruzados no Viaduto da Alemoa na manhã desta segunda-feira (1º)

Por: Rosana Rife  -  01/11/21  -  11:31
 Caminhoneiros de Santos lutam por melhores condições de trabalho
Caminhoneiros de Santos lutam por melhores condições de trabalho   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Um grupo formado por cerca de 50 caminhoneiros autônomos está de braços cruzados, na manha desta segunda-feira (1º), no Porto de Santos. Eles se concentram na descida do Viaduto Ariosto Pereira Guimarães (Viaduto da Alemoa). Devido a duas liminares concedidas pela Justiça à Ecovias e à Autoridade Portuária de Santos (APS), os trabalhadores explicam que não realizam nenhum tipo de manifestação para não serem penalizados com multas que podem chegar a R$ 100 mil.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


No momento, seis viaturas da Polícia Militar e Polícia Militar Rodoviária acompanham a situação no local. O objetivo da concentração é chamar a atenção da sociedade para a situação da categoria. Segundo eles, os altos custos para manutenção dos veículos e, principalmente, a alta do diesel estão inviabilizando o desempenho da função.


Fabrício dos Santos Rodrigues, de 47 anos, está na área há pouco mais de duas décadas e conta que nunca vivenciou uma situação tão difícil quanto essa, apesar das crises de 2009 e 2014.


"A manutenção do óleo passou de R$ 200,00 para R$ 480,00. Pneu a gente so consegue comprar os xing ling, porque está muito caro. E tudo isso influência na segurança nas estradas. Nem escola do filho a gente consegue pagar mais. Estamos trabalhando para comer".


O caminhoneiro autônomo Thiago Pontes, de 35 anos e há 16 anos na área, também reforça que a situação da categoria beira o impraticável. "A frota está sendo sucateada porque não conseguimos fazer manutenção. Gastamos 60% do frete com diesel. Está inviável. Ainda não paguei minhas contas de setembro. A situação é inviável. Se continuar assim, a gente vai quebrar".


Sem motorista
O autônomo Cláudio Luiz da Costa, de 42 anos, prevê a falta de motoristas autônomos no futuro. De acordo com ele, não há incentivos para a categoria se manter na ativa e as dificuldades só aumentam.


"Precisam rever o valor do frete. Mas as transportadoras dizem que não têm como repassar aumento para não perder cliente e a gente fica dependendo do Governo. Os jovens não querem viver essa situação. Passar meses na estrada e dormindo pouco para, no final, não ganhar o suficiente para manter a família".


Logo A Tribuna