Drama na pandemia: Taxistas lutam com queda no faturamento e medo do coronavírus

Trabalhadores têm redobrado cuidados com higienização e apostado no uso das máscaras para fugir de um possível contágio

Por: Por A Tribuna.com.br  -  06/05/20  -  23:25
  Foto: Alexsander Ferraz/AT

A rotina dos taxistas desde o início da pandemia tem se dividido entre o medo de contrair coronavírus ao rodar pelas ruas da região e a dura realidade da queda de faturamento por conta do isolamento social, que chega a casa dos 80%, sem contar que muitos integram o grupo de risco.


É o caso de Casimiro de Almeida, 75 anos, que trabalha na praça há 20. Ele chegou a ficar três semanas parado pelos dois motivos e voltou agora para tentar equilibrar as contas. Porém, agora ele adotou algumas medidas para tentar evitar um possível contágio.


“Tenho asma, além da idade, então preciso tomar cuidado. Uso máscara e ninguém entra no carro sem o acessório. Álcool em gel também não falta. Tenho ainda de pensar na minha família”, conta.  


Genaldo Vieira de Goes fez 73 anos na última terça-feira e também está no grupo dos preocupados com a doença. Álcool em gel não falta no veículo dele, além de preces pedindo proteção. “Só Deus para nos livrar, porque você não sabe quem tem ou não o vírus. Então, ofereço álcool em gel para todos os passageiros e tenho uma máscara para cada dia. Lavo, deixo secar e passo o ferro depois. É o que podemos fazer”.


O taxista Valdomiro dos Santos Júnior, de 38 anos, conta que capricha na limpeza do carro cada vez que um passageiro desembarca. Tudo para garantir a saúde dele e da família.


“Passo álcool em gel nas maçanetas, nos bancos e ainda borrifo nos tapetes. Não tenho medo de trabalhar, mas necessito redobrar os cuidados de higiene. São dias difíceis com queda no movimento de cerca de 80%. Temos de enfrentar”, diz.


Guerra


O período isolamento do taxista Manoel Santos Oliveira, 66 anos, durou um mês. Com corridas em baixa, ele decidiu parar em abril. Mas, as contas não deixaram que ele permanecesse em casa. Mesmo com poucos passageiros por dia, decidiu retornar. Reforçou o estoque do álcool em gel e tem máscara descartável para passageiros que chegam sem o acessório.


“Tem gente que acha que não está acontecendo nada. É um absurdo. Isso é pior que guerra, porque a gente não vê o inimigo, né”, finaliza.


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