Doente crônico deixa de ir para o hospital, cada vez mais comum na pandemia

Cada vez mais comum na pandemia, a situação preocupa médicos. Recomendação é que aqueles que precisam de tratamento constante não o interrompam neste momento

Por: Tatiane Calixto  -  10/05/20  -  22:37
ecomendação é que aqueles que precisam de tratamento constante não o interrompam neste momento.
ecomendação é que aqueles que precisam de tratamento constante não o interrompam neste momento.   Foto: National Cancer Institute/Unsplash

A preocupação com a saúde aumentou muito por conta da pandemia da covid-19, mas criou uma contradição: pessoas com outras doenças deixaram de procurar atendimento. Médicos têm notado a ausência de pacientes em tratamento e a queda nos serviços emergenciais. As análises clínicas e os exames de imagem não relacionados ao coronavírus também caíram cerca de 70% no País. 


O medo de contaminação pelo vírus pode ser uma explicação para este fenômeno, mas os especialistas em Saúde alertam para o risco que o comportamento traz. 

“Com a covid-19, começamos a perceber redução de pacientes que procuravam por atendimento cardiovascular, principalmente doença coronariana aguda”, afirma o chefe do serviço de cardiologia da Santa Casa de Santos, Carlos Alberto Cyrillo Sellera.


Segundo ele, os pacientes ficam preocupados em se contaminar e deixam de procurar socorro no momento adequado. E quando o assunto são as doenças cardiovasculares, o tempo é fundamental e pode ser a diferença entre viver ou morrer, alerta Cyrillo. 


“Essa foi uma situação mundial, não só no Brasil. Tanto que as estatísticas mostraram aumento na mortalidade pela não ida ao hospital”, afirma o cardiologista, que ainda destaca que nos hospitais há atendimento separado para suspeitos de covid-19 e outros serviços de emergência. 

Redução drástica

Outra evidência sobre o novo cenário provocado pelo coronavírus é um dado da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Conforme a diretora executiva da entidade, Priscilla Franklim Martins, houve queda de 70% nos diagnósticos de associados pelo País. 

“O impacto ocorreu, principalmente, nos exames de imagem. Isso acontece porque muitos laboratórios oferecem coleta domiciliar para as análises clínicas. Mas no caso dos exames de imagem, o paciente precisa se deslocar até uma unidade”. 


Para ela, esse é um quadro que desperta atenção. “As outras doenças não esperam a covid-19 passar para maltratar o paciente. E muitas vezes os exames auxiliam de forma decisiva as ações dos médicos”. Postergar um exame, afirma Priscilla, pode significar colocar a vida em risco. 


Por outro lado, ela vê com preocupação a demanda represada. “Isso também coloca em risco a saúde financeira das empresas. E se elas não sobreviverem, como poderão atender a população depois?” 


A diretora ressalta a importância de os pacientes procurarem o hospital em casos de emergência e lembra que o Ministério da Saúde autorizou a telemedicina, o que permite às pessoas acessarem os médicos, ainda que de forma remota, em caso de dúvidas.


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