Discriminação no atendimento atinge 55% dos consumidores, afirma Procon

Pesquisa da fundação com clientes mostra que condição financeira, cor de pele e sexo envolvem as principais queixas

Por: Sheila Almeida & Da Redação &  -  06/08/19  -  23:04
Especialista do Sebrae explica que treinamento adequado no comércio diminui risco de constrangimento
Especialista do Sebrae explica que treinamento adequado no comércio diminui risco de constrangimento   Foto: Carlos Nogueira

Um levantamento promovido pela Fundação Procon-SP revelou que 55% dos consumidores já se sentiram discriminados em uma relação de consumo. Condição financeira, cor de pele e sexo foram os principais motivos. Apesar de existir punição, 58% das vítimas não tomaram nenhuma atitude.


A pesquisa computou dados de 1.659 consumidores que responderam questões pelo site ou redes sociais da instituição estadual, que é ligada à Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania. 


A ideia do órgão era identificar os maiores problemas nos atendimentos. E conseguiu: 60,77% (556 pessoas) declararam ter sofrido discriminação pela sua condição financeira. 


Em seguida, 15,96% (146 pessoas) pela raça ou cor de pele, sendo que 65,38% desse público apresenta-se como de cor preta, e outros 8,20% (75) afirmaram que o fato de ser mulher causou o constrangimento e discriminação.


Queixas 


Moradores da Baixada Santista ouvidos pela Reportagem encararam com naturalidade os dados e também fazem relatos constrangedores de problemas no atendimento.  


O funcionário público Fagner Regis, de 37 anos, conta que já entrou várias vezes em lojas e não foi prontamente atendido por não estar bem vestido. Com dez anos de experiência em vendas, ele diz não arranjar confusão, mas sabe que esse tipo de conduta não só é um problema para o consumidor, mas uma baita armadilha a quem está do outro lado do balcão.


“Na minha opinião, acontece por dois motivos: preconceito das pessoas e falta de preparo do funcionário. Quando eu era vendedor, tinha um cliente que sempre entrava de bermuda e chinelo, mas comprava metade da loja. A gente já sabia e era bem treinado. Mas, infelizmente, é comum acontecer”.  


A saída 


O consultor do Sebrae na Baixada Santista, César Ossamu, explica que um treinamento pode corrigir essas falhas nos estabelecimentos – serviço que o órgão oferece.  


“Por falta de planejamento e por falta de um treinamento, o próprio funcionário toma sua as conclusões, de acordo com seus princípios ou o que acredita ser correto. O resultado, muitas vezes, não representa o princípio do comércio”. 


Lojas de roupas, calçados e eletroeletrônicos foram as que mais concentraram reclamações segundo a pesquisa (36,17%). Logo depois vieram em estabelecimento financeiros como bancos ou seguradoras (16,28%) e shoppings (8,31%). 


Logo A Tribuna