Delivery registra alta de até 50% nas cidades da Baixada Santista

Números que foram divulgados para A Tribuna são de aplicativos e do sindicato que representa bares e restaurantes

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  31/01/21  -  09:45
Delivery registra alta de até 50% nas cidades da Baixada
Delivery registra alta de até 50% nas cidades da Baixada   Foto: Carlos Nogueira/AT

O volume de delivery na Baixada Santista aumentou até 50% entre março e dezembro de 2020, de acordo com dados de aplicativos de entrega e do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SinHoRes). O percentual reflete uma média sobre um período marcado pela pandemia de covid-19 com alguns momentos de recuperação, como em outubro, com a região alçada à fase verde do Plano São Paulo.


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“A categoria evoluiu muito. Muitos bares e restaurantes não tinham e hoje possuem (serviço de entrega). Sem dúvida estamos muito melhor preparados para um delivery”, disse o presidente do SinHoRes, Heitor Gonzalez, que observa alta média de 50% no segmento.


O iFood informou à Reportagem que o volume de entregas, pelo aplicativo, na Baixada Santista cresceu 46%, de março a dezembro do ano passado. Antes da pandemia, não ocorria uma variação tão expressiva entre esses meses. “O isolamento social resultou em mudanças nos hábitos de consumo dos brasileiros, que enxergaram no serviço de delivery uma opção prática, segura e essencial”, disse a empresa, em nota.


Ainda de acordo com o iFood, o consumo da população também não ficou restrito apenas aos tradicionais lanches e pizzas. Em Santos, os pedidos de café da manhã nos fins de semana avançaram 164%. Já a alta de pedidos no lanche da tarde no mesmo período foi de 26%.


“Os pedidos do horário do almoço em dias de semana cresceram 48%, assim como a hora do jantar na semana, que registrou avanços de 63%. Além disso, os pedidos de doces e bolos cresceram 59%, seguidos por comida saudável (27%)”, informou a empresa, que ainda revelou ter registrado 100 mil novos estabelecimentos no aplicativo - este um dado nacional.


O aplicativo de delivery Rappi não informou dados regionais, mas apontou um aumento de 40% no consumo dos serviços em todo o País. “Acreditamos que o comportamento dos consumidores mudou de forma definitiva. A forma de o usuário interagir digitalmente evoluiu cinco anos em poucos meses”, disse Tijana Jankovic, diretora da empresa em São Paulo.


Público e futuro


Ainda de acordo com a diretora do Rappi, o público do aplicativo é bem diversificado, pois não são oferecidos serviços apenas de bares e restaurantes, havendo parcerias com farmácias, supermercados, lazer e entretenimento.


“Podemos dizer que nosso público consumidor principal está na faixa entre 18 e 25 anos, dos quais 52% são mulheres, principalmente das classes A e B. Durante o pico da pandemia em 2020, em particular, notamos também o crescimento acima de 250% no volume de compras de pessoas acima de 60 anos”.


Ela acredita que a flexibilização das recomendações de segurança e isolamento social poderá mudar a frequência de utilização, com uma eventual queda nos pedidos, “mas os hábitos vão persistir”.


Sem divulgar dados, o aplicativo Uber Eats segue a mesma linha dos demais e, em nota, entende que o delivery “é um movimento que só tende a crescer, por todas as vantagens que agrega, como otimização de tempo, comodidade e acesso a novos produtos e estabelecimentos”.


Ouvidos por A Tribuna, empresários da região revelam aumento no volume de entregas e até lições aprendidas, mas ressaltam ainda depender do atendimento presencial para viabilizar o negócio. Bruno Justo, do Yolo Cozinha Contemporânea, e Deborah Rodriguez Cunha, da Cantina Liliana, concordam com o presidente do SinHoRes, Heitor Gonzalez, que garante que a receita do delivery não é suficiente para arcar com as contas de um bar ou restaurante.


Na última quinta-feira, o SinHoRes entrou com uma ação na Justiça contra o Estado para que a Baixada Santista seja reclassificada como fase amarela e, dessa forma, os estabelecimentos possam funcionar 10 horas por dia e com 40% de capacidade até 8 de fevereiro, quando está prevista uma nova reclassificação do Plano São Paulo. Ainda não houve uma decisão judicial sobre o tema.


Dono de um empreendimento fundado em maio de 2019, Justo se viu pressionado a superar uma crise gerada pela pandemia após 10 meses em funcionamento. Para surpresa e orgulho do cozinheiro com mais de dez anos de profissão, ele se saiu bem e cheio de lições. Mesmo com pratos de comida contemporânea voltados a um público que gosta de ter a experiência no restaurante, passou a atender por delivery com o fechamento do comércio, no 1º semestre de 2020.


“Vimos que a coisa estava ruim na Europa e imaginamos que chegaria ao Brasil. Começamos a estruturar o negócio uma semana antes do fechamento (dos restaurantes)”. No início, ele revela ter passado por algumas dificuldades, logo superadas. Daí veio outro desafio: o Yolo vendia bem no almoço, mas a concorrência noturna dos lanches o motivou a pensar em outro investimento: a Burriteria Santista, apostando no prato típico da culinária mexicana.


No primeiro mês de delivery, o Yolo manteve a receita. No mês seguinte, ela caiu para 35% e a Burriteria foi lançada. Com ela, Justo atingiu 80% do faturamento. Porém, com o salão aberto, as entregas passam a representar de 15% a 20% da receita.


Crescimento


A proprietária da Cantina Liliana conta que o estabelecimento já contava com boa estrutura de delivery, mas era possível crescer. “A gente já utilizava o aplicativo iFood, com quem tenho um contrato de exclusividade que me beneficia na taxa, e havia criado um site que ganhou força”.


Deborah revela que o serviço de entrega antes da pandemia representava 30% do faturamento e praticamente dobrou. “Hoje, fica em torno de 58% a 60% do faturamento, foi bem significativo o aumento. Quando veio a pandemia, estava na frente de alguns lugares que não trabalhavam com delivery. Essa estrutura que me proporcionou estar na disputa. Tenho uma entrega de até 50 minutos graças a uma frota própria, gente para atender e meu próprio sistema”.


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