David Uip volta a pedir auxílio do Ministério da Saúde no combate à Covid-19

“São Paulo é o epicentro da pandemia e nós temos que ser atendidos rapidamente. Não adianta termos respiradores para agosto, é agora. Reitero a necessidade do Ministério da Saúde ajudar efetiva e rapidamente o Estado de São Paulo”. O alerta foi feito nesta terça-feira (5) pelo coordenador do Centro de Contingenciamento do Coronavírus em São Paulo, David Uip. Especialistas garantem que os aparelhos são fundamentais para salvar a vida de pacientes graves com a Covid-19. 

Segundo Uip, o pedido já foi feito em reunião entre os governos do estado e o federal. A importância dos respiradores vem sendo destacada por profissionais da Saúde. Em entrevistas dadas esta semana, o secretário de Saúde de São Paulo, José Henrique Germann, repetiu que, atualmente, é mais fácil montar um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do que conseguir o aparelho.

A falta de respiradores, como os ventiladores mecânicos, foi vista em todos os países que foram atingidos de forma intensa pela pandemia e essa experiência tem servido como base.  “Aqui na Capital, com os primeiros casos, e agora no interior, temos discutido um protocolo de assistência ventilatória depois de conversar com colegas da China, Espanha e outros países”, disse Carlos Carvalho pneumologista do Incor, do Hospital das Clínicas de São Paulo. 

Carvalho afirma que existem trabalhos com equipes de inovação para construção de novos ventiladores que estão sendo avaliados pela Anvisa. Até porque diante da pandemia, a importação dos aparelhos está cada vez mais difícil. 

“Também aprendemos com a Itália que quando tem sobrecarga de ventiladores, existe a possibilidade de uma ventilação não invasiva com um equipamento semelhante a um capacete. Estamos desenvolvendo esse tipo que não precisa de intubação”.  

Carvalho explica que com o acometimento do sistema respiratório esse tipo de aparelho abre uma a janela de alguns dias para o paciente reagir, criando anticorpos para lutar contra a doença. 

“Nossa saga diária é oferecer suporte aos hospitais. Hoje, colocar um respirador na UTI é mais difícil que montar a UTI”, afirmou Germann. Ele exemplifica dizendo que o Hospital das Clínicas tem atualmente 700 leitos em enfermaria e que boa parte deles poderia ser transformada em UTIs, mas dependeria dos respiradores. “Estamos aguardando 3 mil respiradores que devem começar a chegar aos poucos”.

Isolamento 

Na última segunda-feira (4), a taxa de isolamento em São Paulo foi de 47%. O número provocou a reação do coordenador do Comitê de Contingenciamento. “Não é possível trabalhar com esse número. Nós precisamos melhorar isso ou teremos dificuldades no próximo mês. A população precisa estar convencida que essa é a única maneira de darmos conta de atender os pacientes. Reitero a gravidade do momento ao vermos a diminuição do isolamento”, disse Uip.

A Reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde, e aguarda um posicionamento da pasta.