Da tensão ao alívio: PMs salvam bebês engasgados na Baixada Santista

Manobras de reanimação e orientações são usadas por policiais para ajudar de recém-nascidos a crianças

Por: Daniel Gois  -  25/07/22  -  19:05
A pequena Mariah foi salva pela PM em Praia Grande quando se engasgou em novembro de 2021
A pequena Mariah foi salva pela PM em Praia Grande quando se engasgou em novembro de 2021   Foto: Divulgação/Polícia Militar

Nervosismo e tensão são sentimentos evidentes quando um bebê acaba se engasgando, tanto entre os pais como os policiais militares, que em muitas vezes são acionados para salvá-los. Seja presencialmente ou com orientações por telefone, agentes da Baixada Santista ajudam na reanimação de crianças em momentos bastante delicados.


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Dados do Centro de Operações da Polícia Militar de São Paulo (Copom) apontam para seis ocorrências de bebês engasgados atendidas por telefone entre janeiro e junho deste ano na Baixada Santista, uma média de uma por mês.


O número já se aproxima de todo o ano passado, quando oito bebês foram salvos apenas com orientações via telefone. A quantidade de salvamentos é ainda maior, por conta das ocorrências atendidas pelos policiais na rua.


Um exemplo é o salvamento de uma recém-nascida que ocorreu na Vila Caiçara, em Praia Grande, em novembro de 2021. Na ocasião, a pequena Mariah, hoje com 8 meses de vida, foi reanimada pelos cabos Sidney de Lemos Mendes Junior e Diego Carrisque dos Santos, que estavam em patrulhamento e perceberam os pais desesperados.


"Aquele dia foi assustador", recorda a mãe de Mariah, a supervisora de restaurante Lilian Beatriz Santos da Silva, de 25 anos. "Tentamos fazer a manobra em casa com a ajuda de uma vizinha e não conseguimos. Eu estava em estado de choque. Saímos correndo na rua. Quando a gente estava na esquina, vimos os policiais. Eles desceram (da viatura) com pressa, pegaram a neném do colo do meu esposo e fizeram a manobra".


O cabo Carrisque explica que foi feita a manobra de Heimlich, uma técnica de primeiros socorros em casos de emergência. Ela consiste em fazer pressão com as mãos no diafragma da pessoa engasgada, provocando uma tosse forçada seguida de desengasgo.


"É um procedimento que aprendemos no nosso curso de formação. Temos aulas de primeiros socorros e lá explica como proceder nos casos de crianças engasgada. Meu filho, quando era recém-nascido, se engasgou e também foi salvo por uma guarnição da PM. Eu não estava em casa e estava indo trabalhar", recorda Carrisque.


O cabo Mendes Júnior recorda que Mariah havia se engasgado com leite materno e comemora o sucesso daquela ocorrência.


"Os pais saíram desesperados nas ruas. Pensamos que era até outra situação, que tinham sido roubados, mas eles estavam com uma criança engasgada no colo, quase sem vida. Tivemos que fazer a manobra de Heimlich na bebê, que graças a Deus voltou à vida. No dia a dia, a gente atende tudo da melhor forma possível", conta.


Hoje com 8 meses, Mariah foi salva quando se engasgou com 11 dias de vida
Hoje com 8 meses, Mariah foi salva quando se engasgou com 11 dias de vida   Foto: Arquivo pessoal/Lilian Beatriz

Salvamentos por telefone

Foram duas oportunidades em que o subtenente Marcelo Artero, supervisor no Copom, pôde ajudar famílias por telefone a salvarem bebês engasgados, sendo uma em 2019, com moradores de Itanhaém, e outra em 2020, com residentes de Guarujá.


"A gente fica nervoso atendendo. Não tem como não ficar, mas eu não posso transmitir esse nervosismo. Isso é graças a muito treinamento. A gente tem essa tranquilidade para passar a orientação da técnica de desengasgo. Tem que torcer (para dar certo), porque ficamos nervosos também", comenta.


Também atuante no Copom, a cabo Silvia Maria Pereira ressalta o trabalho psicológico que se tem em torno de um salvamento.


"As vezes a gente nem consegue saber a cidade (onde a família mora), porque a pessoa já liga aos gritos. A gente evita fazer muita pergunta, porque sabe que o desespero de ver um bebê engasgado é avassalador. Geralmente você informa a pessoa para ter calma, e as vezes isso faz ela ficar ainda mais nervosa. A gente tem que manter o controle para poder ajudar as pessoas", explica.


Outro salvamento mediado por telefone foi feito pelo cabo David da Silva Cortez Júnior, que atua no Comando de Policiamento do Interior Seis (CPI-6) da Baixada Santista. Ele recorda que o bebê tinha três meses de idade e estava em uma creche.


"Ela estava com a professora, que ligou e fizemos o atendimento. Orientamos ela a fazer os procedimentos para desengasgar a criança, que tinha 3 meses de idade. Foi feita a orientação para ela fazer a manobra de Heimlich. Ocorreu tudo bem e depois ela foi socorrida para o Pronto-Socorro", conta Cortez.


Para o soldado Rafael Dabronzo Quaresma, que já atendeu a dois casos do tipo, as ocorrências demonstram semelhança pelo engasgamento das crianças seguido de desespero dos pais.


"A primeira criança recém-nascida tinha em torno de 15, 16 dias, e a segunda tinha 7 dias (de vida). Temos que manter a calma, porque se não desesperamos mais ainda quem está precisando de ajuda. É muita gente falando, um turbilhão de informações. Por telefone, a gente vai orientando e algumas vezes a gente acaba ouvindo a criança voltar a chorar", relata.


Salvamentos de bebês engasgados também ocorrem com orientações da PM por telefone
Salvamentos de bebês engasgados também ocorrem com orientações da PM por telefone   Foto: Alexsander Ferraz/AT

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