Covid-19 já infectou mais de 3,8 mil crianças na Baixada Santista; médicos pedem vacinação

Prefeituras aguardam parecer oficial do Estado sobre prescrição médica para vacinação de crianças entre 5 e 11 anos

Por: Daniel Gois  -  29/12/21  -  10:04
Atualizado em 29/12/21 - 14:59
Médicos da Baixada Santista pedem apressamento da vacina contra covid-19 para crianças
Médicos da Baixada Santista pedem apressamento da vacina contra covid-19 para crianças   Foto: Rogério Soares/AT

Mais de 3,8 mil crianças até 11 anos de idade já foram infectadas pela covid-19 e pelo menos dez morreram, na Baixada Santista, desde março de 2020, quando a pandemia foi decretada. Em meio ao impasse entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde, infectologistas pedem o apressamento da vacinação infantil, a fim de frear a circulação do vírus.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


A Anvisa já aprovou a imunização na faixa etária de 5 a 11 anos com Pfizer, mas o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o Governo Federal pedirá prescrição médica e autorização dos pais para vacinar crianças. Alvo de críticas, a recomendação foi incluída em consulta pública aberta, até domingo, pelo Ministério da Saúde.


O infectologista Ricardo Hayden considera importante vacinar crianças o quanto antes, pois podem ser fonte de transmissão do coronavírus a familiares. “Elas levam as doenças para dentro de casa, passando para os pais, avós e outros parentes.”


A infectologista Elisabeth Dotti acredita que a exigência de prescrição médica pode atrasar a imunização das crianças. “No sistema público (de saúde), você tem milhões de pacientes e não tem vagas, uma demanda represada. Essas crianças vão ficar esperando até passar com médico para poder fazer a carta (de autorização)? Não tem cabimento. São formas claras de tentar embarreirar a vacina.”


Na região
Levantamento de A Tribuna nas prefeituras da Baixada Santista indicou que mais de 3,8 mil crianças até 11 anos de idade foram infectadas pelo coronavírus. Apenas Mongaguá e Peruíbe não enviaram números.


Em Santos, foram 1.592 pessoas infectadas até 9 anos de idade, conforme dados do portal Santos Mapeada. Três morreram.


São Vicente teve 312 casos de coronavírus entre crianças de até 11 anos. Em Praia Grande, 594. Não houve mortes nessas cidades.


No último dia 12, uma menina de 8 anos morreu em Guarujá, vítima de complicações da covid-19. Outras duas crianças menores de 12 anos também. A Cidade tem 678 casos confirmados nessa faixa etária.


Cubatão teve duas mortes de crianças em maio de 2020. O Município registrou 236 casos de covid-19 em crianças de até 9 anos.


No ano passado, um bebê de 9 meses morreu em Bertioga por coronavírus. A Cidade tem 250 casos na faixa de até 11 anos de idade.


Itanhaém teve a morte de um bebê com menos de 1 ano pelo coronavírus. Houve 170 casos em crianças de até 11 anos. Em Peruíbe, não houve registro de mortes, e “a maioria dos casos suspeitos foi diagnosticada como influenza”.


Prescrição
As nove prefeituras da Baixada Santista aguardam parecer oficial da Secretaria Estadual de Saúde para decidir se adotarão ou não a autorização médica como requisito para vacinar crianças contra a covid-19.


Na sexta-feira, o governador João Doria (PSDB) disse que o Estado não vai exigir prescrição médica para imunizar crianças. “Dificultar a vacinação de crianças deveria ser crime inafiançável”, afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.


Diferenças
Aprovada pela Anvisa, a vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos é diferente da usada em adultos. O princípio ativo é o mesmo, mas a dosagem para crianças é menor. O imunizante infantil também possui diferenças na composição.


“Ela (a vacina) está mais do que liberada para uso e tem sido usada em diversos países. É uma vacina eficiente, com pouquíssimas manifestações adversas”, afirma o infectologista Ricardo Hayden.


Logo A Tribuna