Coronavírus mata quase três vezes mais em São Vicente do que em Santos

Dados foram extraídos da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e, por isso, números podem apresentar diferenças com relação aos do município.

Por: Alexandre Lopes  -  17/08/20  -  15:43
São Vicente tem taxa de mortos por coronavírus quase três vezes maior do que Santos
São Vicente tem taxa de mortos por coronavírus quase três vezes maior do que Santos   Foto: Matheus Tagé/AT

A região da Baixada Santista reúne algumas das cidades brasileiras entre as 100 com o maior número de mortos durante a pandemia do novo coronavírus. O município de Santos lidera essa estatística quando feito o recorte regional, com 525 vítimas fatais desde o início da pandemia. Apesar disso, a taxa de mortalidade por coronavírus em São Vicente é quase três vezes maior do que entre os santistas.


A comparação com os dados das duas maiores cidades da Baixada Santista foi possível a partir de dados tabulados por ATribuna.com.br, com base nas informações do boletim epidemiológico do Estado. O levantamento estadual é de responsabilidade da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), que apresenta um pequeno atraso em relação aos dados das prefeituras – sendo as informações das prefeituras com números ainda superiores ao estadual.


Com um número ainda crescente de mortos, Santos aparece, segundo o 'Mapa do Coronavírus', alimentado pela equipe do G1, como o 27º município que mais perdeu moradores por conta da doença em todo o Brasil. O número, inclusive, é maior do que em várias capitais brasileiras. Em Porto Alegre, por exemplo, 514 pessoas morreram. Os dados foram extraídos na manhã desta segunda-feira (17).


O município de São Vicente é outro com uma alta taxa de mortalidade em números absolutos. Até o fechamento desta reportagem, 326 pessoas haviam perdido a vida por conta da doença. Isso significa que o município ocupa a 46ª colocação no ranking que é formado por quase 4 mil cidades brasileiras que já perderam pessoas para a Covid-19. São Vicente, por exemplo, tem mais mortos do que Sorocaba (293).


A cidade de Guarujá aparece no ranking na 60ª colocação, com 258 óbitos. Em seguida, na 85ª posição, Cubatão contabiliza, até o momento, 169 vidas perdidas. Já Praia Grande, com 168 mortes, na 86ª colocação, fecha a participação das cidades da Baixada Santista no levantamento que traz as cidades onde a pandemia foi mais mortal até agora.


Número de casos


Se tratando do número de casos de pessoas infectadas, a situação de Santos também é alarmante. Com 17.970 confirmações da doença, o maior município da Baixada Santista ocupa a 22ª posição no ranking. Capitais como São Luís - MA (17.769) aparecem com uma situação melhor do que o município santista, já que apesar de terem mais habitantes, o número oficial de contágios é menor.


Já Guarujá, com 5.773 casos, ocupa a 69ª colocação, enquanto Praia Grande, com 5.716, vem logo em seguida na 70ª. Outro município que aparece entre os 100 com mais registros da doença é São Vicente, com 5.215 infectados na 78ª colocação. Cubatão, com 4.984 casos, fecha a conta ocupando o 87º posto.


Média


Os piores resultados, quando comparado o número de casos e o número de mortos, estão em São Vicente. Com 5.215 casos e 326 mortes, na última atualização do mapa, a cidade tem uma taxa de mortalidade de 6,25%. Em termos práticos, isso significa que, a cada 100 casos, mais de seis vicentinos perdem a vida. Santos, por exemplo, apesar de mais óbitos, tem uma taxa de 2,92%, considerada a melhor entre todos os municípios da região. Guarujá (4,46%), Cubatão (3,39%) e Praia Grande (2,93%) fecham a lista.


Sobre a taxa de mortalidade, um relatório da revista 'Nature' apontou que um menor número de mortes por Covid-19 está associado a mais testes e a eficácia de governos. A pesquisa foi publicada no fim de junho no periódico que é considerado um dos mais importantes do mundo.


Segundo o artigo, aumentar os testes, melhorar a eficácia do governo e aumentar os leitos hospitalares podem ter o potencial de atenuar a mortalidade por Covid-19. Os dados de 169 países foram analidados para chegar às conclusões. Os principais achados da pesquisa foram que um teste adicional feito a cada 100 pessoas foi associado a uma redução de até 8% na taxa de mortalidade. Além disso, a ampliação dos testes pode ter servido como uma abordagem eficaz para atenuar a mortalidade quanto os governos foram menos eficazes no controle de surtos.


Outro fator que influencia na taxa de mortalidade é o fato de algumas cidades terem uma população mais velha, além de menos leitos hospitalares e um sistema de transportes adequado, já que muitas linhas de pesquisa acreditam que o coronavírus pode ter se propagado, em um primeiro momento, por meio de ônibus, trens e metros lotados de pessoas.


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